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Pedro Carreiro
Publicado em 27 de junho de 2025 às 15:50
Uma pesquisa realizada pelo instituto AtlasIntel, a pedido do ge.globo, revelou que 71% da torcida do Vitória apoia a transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O levantamento coloca os rubro-negros entre os torcedores mais abertos à adoção do modelo empresarial no futebol brasileiro. >
O estudo foi conduzido entre os dias 20 e 25 de junho e ouviu 2.069 pessoas em 619 municípios. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais. Entre os torcedores do Vitória, 15% se mostraram contrários à mudança, enquanto 14% disseram não saber ou preferiram não opinar.>
As principais vantagens citadas pelos entrevistados incluem a melhoria na governança dos clubes, apontada por 26% dos participantes, e o aumento no poder de investimento para contratações, com 25% das menções. Outros 18% destacaram a importância de um planejamento de longo prazo, enquanto 15% enxergam na SAF uma forma eficaz de quitar dívidas. Investimentos em infraestrutura, como centros de treinamento e estádio, foram lembrados por 10% dos entrevistados, e o fortalecimento da marca do clube apareceu como benefício para 5%. >
Apesar do apoio expressivo, os torcedores também demonstram preocupação com os possíveis efeitos colaterais da transição para o modelo empresarial. A maior inquietação é a perda da identidade do clube, mencionada por 31% dos entrevistados. Em seguida, aparecem o foco excessivo em lucros (23%), a priorização de interesses externos (22%), o risco de falência (12%) e a perda de controle por parte dos sócios e da torcida (11%).>
Dentro desse contexto, surgiu o Movimento Vitória SAF (MVSAF), criado por torcedores, sócios e conselheiros interessados em aprofundar a discussão sobre a possível adoção do modelo no clube. O grupo foi inicialmente formado pelo advogado Daniel Barbosa, o ex-jogador Flávio Tanajura, Ivo Cruz e Ney Campello. >
Com o intuito de promover o diálogo e estruturar propostas, o MVSAF chegou a entregar à diretoria rubro-negra um documento intitulado "Um Diálogo para o Futuro", dividido em três eixos: diagnóstico inicial da situação do clube, caminhos possíveis para implementação da SAF e considerações finais. O movimento participou também dos workshops promovidos pelo Vitória sobre o tema e, com o tempo, ganhou força junto à torcida.>
Um dos reforços mais notáveis ao grupo foi a entrada do deputado estadual Marcone Amaral (PSD), ex-zagueiro do clube e com passagens pelo futebol do Catar. Ele se posicionou como um possível elo entre o Vitória e o Qatar Sports Investments (QSI), grupo que administra o Paris Saint-Germain e tem vínculo direto com o governo catari.>
Marcone tem viagem marcada para o Catar em dezembro, e aguarda autorização formal da diretoria para representar oficialmente o clube em possíveis negociações. Após a repercussão do movimento, Daniel Barbosa decidiu deixar o grupo, mas o projeto segue ativo, com Marcone e os demais membros à frente das discussões.>