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Maysa Polcri
Publicado em 5 de novembro de 2025 às 05:30
Há quatro meses é assim: a educadora Ana Paula Oliveira, 45, tenta agendar um horário no SAC para dar início ao processo de emissão da nova Carteira Nacional de Identidade (CIN) e não encontra agenda disponível. Apesar de a Bahia já ter emitido mais de 2,056 milhões de documentos em 15 meses, baianos ainda enfrentam dificuldades para acessar o serviço. >
As unidades do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) são os principais pontos para solicitar o documento em Salvador e no interior do estado. Com o objetivo de tornar o processo mais fácil, a população pode agendar horário para iniciar o processo através da plataforma online. Mas o agendamento se tornou um problema tão logo os novos documentos começaram a ser emitidos. >
Carteira de Identidade Nacional (Novo RG)
Mais de um ano depois da primeira emissão na Bahia, quem acessa o site encontra, com frequência, a indisponibilidade do serviço. E, pior, não há opções de datas disponíveis no sistema. A reportagem fez o teste, na manhã de terça-feira (4), e encontrou horários disponíveis apenas na unidade do SAC Liberdade, em Salvador. >
Ana Paula, que tenta acessar o serviço desde agosto, diz que não consegue agendar o serviço perto de casa. "O problema é a dificuldade em encontrar horários, sempre está indisponível. Quando há, é em lugares distantes da minha casa, como Cajazeiras, por exemplo", diz a educadora, que mora em Amaralina. >
Dados do Instituto de Identificação Pedro Mello, responsável pela emissão dos documentos, apontam que 2.056.455 novas carteiras foram emitidas na Bahia nos últimos 15 meses - uma média de 137.097 por mês. Anunciada em 2022, a Carteira Nacional de Identificação unifica possíveis números de registro diferentes em estados brasileiros e facilita a entrada em países do Mercosul, por seguir padrões internacionais. >
A CIN deverá substituir o Registro Civil (RG) em 2032. Até lá, brasileiros podem continuar usando a versão antiga da carteira de identidade. Porém, as pessoas que precisam trocar o documento antigo sofrem para conseguir a emissão. É o caso de Emerson Ferreira, de 22 anos, que está há nove anos com o mesmo RG. O prazo para troca é de dez anos. >
“Vou fazer uma viagem neste mês e busquei o serviço porque tenho medo de barrarem minha identidade no aeroporto, já que ela é antiga e eu mudei muito fisicamente”, explica. “Não encontrei nenhuma data disponível em postos próximos a mim desde que comecei a tentar, em maio”, acrescenta. A alternativa encontrada por Emerson foi ir até o posto do SAC em Pituaçu, onde é possível realizar o atendimento sem agendar.>
A medida foi colocada em prática em agosto deste ano, para tentar facilitar o acesso ao serviço para aquelas pessoas que não conseguem agendamento online. Desde o dia 9 de setembro, sete postos de Salvador atendem por ordem de chegada, somente no período da manhã. São eles: SAC Liberdade, Pau da Lima, Periperi, Uruguai, Barra, Comércio e Pituaçu. Também funcionam nesse esquema os postos em Camaçari, Lauro de Freitas e Simões Filho, na Região Metropolitana (RMS).>
O diretor-adjunto do Identificação Pedro Mello, Jorge Ressurreição, admite que ainda há quem enfrente dificuldades para acessar o serviço, mas reforça que a Bahia vem batendo recordes de emissão do novo documento. Ele explica que desde dezembro de 2024, todos os postos do SAC no estado emitem apenas a nova identidade. >
"É importante lembrarmos que o modelo antigo da carteira de identidade é válido até 2033, ou seja, não há necessidade de corre-corre para fazer o novo documento. Mas estamos nos empenhando para ampliar o nosso atendimento", afirma o diretor. >
Em outubro, o estado bateu recorde local de emissões, com 261.217 novos documentos liberados para a população. "Os números são fruto de um esforço enorme, mas as pessoas ainda enfrentam dificuldade para agendar o serviço", completa.>
Dados do painel interativo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) apontam que a Bahia ocupa a sétima posição entre os estados com mais emissões do novo documento. Segundo a plataforma, a Bahia aparece atrás de estados que possuem populações menores, como Ceará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. >
Apesar disso, Jorge Ressurreição, do Instituto Pedro Mello, afirma que os dados estão desatualizados. De fato, a pasta federal afirma que a Bahia emitiu 1,741 milhão de CINs, enquanto os dados locais apontam que foram mais de 2 milhões. São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro aparecem nas primeiras posições do ranking. >
O Departamento de Polícia Técnica (DPT), responsável pelo instituto, não soube explicar por quê os dados estão desatualizados. A reportagem também questionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre a atualização mais recente das informações que constam no painel, mas não obteve retorno até esta publicação. O espaço segue aberto. >