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Maysa Polcri
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 18:09
O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) aceitou uma nova denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado (MP-BA) contra o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, o Binho Galinha. O processo tem relação com a operação El Patrón, assim como as outras acusações. Ele está preso desde o dia 3 de outubro. >
As investigações apontam que mesmo após a primeira denúncia, o parlamentar continuou liderando uma organização criminosa com atuação na Bahia, especialmente em Feira de Santana. O MP também afirma que “laranjas” eram utilizados para a movimentação de recursos e ocultação de bens. >
"Sob o comando de Binho Galinha, a organização criminosa continuou praticando crimes como jogos de azar, agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro. O deputado teria mantido 'em funcionamento seus negócios ilícitos, em flagrante desrespeito às medidas cautelares impostas anteriormente'", detalha o Ministério Público. >
Binho Galinha
A nova denúncia foi aceita no dia 5 de novembro. Além de Binho Galinha, outras 12 pessoas se tornaram réus no novo processo. Entre eles estão Mayana Cerqueira da Silva, esposa do deputado, e o filho do parlamentar, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano. Em nota anterior, a defesa de Binho Galinha negou as acusações. >
"O parlamentar reforça que tem colaborado com as autoridades desde o início das investigações e reafirma sua confiança na Justiça, destacando que todos os fatos serão devidamente esclarecidos ao longo do processo", afirmou. >
Para a Justiça, no entanto, a denúncia "permite a plena compreensão da imputação, delimitando com precisão as condutas atribuídas a cada um dos acusados no contexto da organização criminosa e dos crimes a ela correlatos". A juíza Márcia Simões Costa também decidiu arquivar parte do inquérito policial, atendendo ao pedido do MP. >
Foram arquivadas as investigações sobre receptação qualificada, lavagem de dinheiro ligada ao pagamento de R$ 1 milhão a advogados, usurpação de função pública atribuída e extorsão supostamente praticada por Mayana Cerqueira. Também foi arquivado o trecho referente à organização criminosa e lavagem de capitais envolvendo João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, por já responder a processo anterior pelos mesmos crimes. Os casos podem ser reabertos caso novas provas surjam.
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Kleber Cristian Escolano de Almeida, o Binho Galinha, é acusado de comandar uma milícia com atuação em Feira de Santana, na Bahia. O parlamentar se entregou dois dias após ser alvo da operação Estado Anômico e foi conduzido para Salvador. A defesa nega que ele tenha cometido crimes e diz que o deputado colabora com as investigações.
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Segundo investigações das operações 'El Patrón' e 'Estado Anômico', o grupo criminoso é responsável por delitos como lavagem de dinheiro, obstrução da justiça, jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada, comércio ilegal de armas, usurpação de função pública, embaraço a investigações e tráfico de drogas.>
Binho Galinha é suspeito de liderar milícia
No dia 10 de outubro, uma votação secreta realizada pelos deputados estaduais determinou que Binho Galinha continuasse preso. Ao todo, 34 parlamentares votaram a favor da manutenção da prisão, 18 foram pela soltura, um se absteve e dez não compareceram à votação. Apesar de manter o mandato, Binho Galinha já sofreu uma retaliação do próprio partido, o PRD. A legenda suspendeu o deputado enquanto a ação tramita na Justiça. >
Mesmo preso, Binho Galinha não deve perder o mandato de deputado estadual. Isso porque ausências decorrentes de prisão preventiva não são computadas pela Assembleia, segundo o artigo 9 do mandamento da Casa, como mostrou reportagem do CORREIO. >