CASO MENINO JOEL

'Eu tenho filho, jamais iria atirar numa criança', declarou PM acusado de matar menino Joel

No primeiro dia de júri do caso, o primeiro a responder aos questionamentos da juíza Andréa Teixeira Lima foi Eraldo Menezes de Souza

  • Foto do(a) author(a) Raquel Brito
  • Raquel Brito

Publicado em 6 de maio de 2024 às 18:48

auto-upload
Menino Joel Crédito: auto-upload

No fim da tarde desta segunda-feira (6), o ex-policial militar Eraldo Menezes de Souza e o tenente da PM Alexinaldo Santana Souza contaram suas versões da noite em que o menino Joel foi morto. O primeiro a responder aos questionamentos da juíza Andréa Teixeira Lima e da promotoria, no primeiro dia de júri do caso, foi Eraldo.

“Tivemos um informe que havia elementos armados e foi solicitado o apoio da Rondesp e do batalhão de choque. Fizemos uma varredura e não encontramos nada. Eu acredito que o tenente tenha recebido a informação e passou para o comandante. O comandante, por sua vez, passou para a companhia”, iniciou.

“Como fizemos a varredura e não encontramos nada, fomos liberados e nós estávamos indo para a companhia. Alguém parou a viatura e começou a conversar com a viatura que estava atrás. A gente não viu nada demais, logo depois a viatura passou em frente”.

O tenente passou a informação de que havia suspeitos armados na escadaria. Os policiais desceram em formação de fila indiana. Ele lembra de ser o quarto ou quinto da fila. “Eu me recordo que um pouco antes havia chuviscado um pouco. No que nós fomos descendo, só ouvimos o [som de tiro]”, disse.

“Quando chegamos ao fim da escadaria, que é ao lado da casa do menino, o pessoal desceu e atravessou. Em questão de segundos, eu observei e fiz o lance. No que eu fiz o lance, pisei em alguma coisa que não me recordo o que foi, escorreguei com a arma na mão, fui ao chão. O gatilho emperrou e, naquele momento, que é questão de segundos, aconteceu”.

Eraldo só se recorda da arma dele ter feito um disparo. Ressalta que “não é questão dele ter feito o disparo”, já que, segundo ele, o tiro foi um acidente após escorregar. Quando levantou, o ex-policial militar só seguiu os outros, indo embora do local. Segundo ele, não viu o momento do pedido de ajuda relatado pelo pai de Joel.

“Eu tenho filho, jamais iria atirar numa criança”, declarou Eraldo. O ex-policial acompanhou a perícia da arma e afirmou que dois disparos foram da sua arma no dia da morte de Joel.

Quem estava na viatura que foi averiguar a situação foi o tenente. Essa foi a mesma viatura que foi para a Delegacia de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente (Dercca). “Pelo que eu tenho conhecimento, quando nós chegamos lá embaixo, o pai e o menino já tinham conseguido socorro”, afirmou.

No momento em que pararam na escadaria, todos os nove policiais desceram da viatura. “Havia nove policiais. Vamos pressupor que uns quatro subiram de imediato. De uma certa forma, fiquei fazendo cobertura do lugar. Só que a gente não permaneceu no local”, continuou.

“Quando chegou no final da escadaria, eu parei do lado da casa do menino, observei se havia disparos, não havia, eu subi. Quando eu fiz o lance para subir as escadas, escorreguei. O tiro saiu para cima”, disse.

O tenente estava presente em todas as situações: no início, no largo e no retorno. “Não houve separação. Houve um tempo fracionado de aumentar distância”, afirma.

Questionado pela advogada da defesa de Alexinaldo, Dominique, a distância entre o disparo em Joel e encontrarem a arma, Eraldo não soube precisar, mas afirma que houve uma pausa de cinco a 10 minutos. Ela também pediu para que o policial definisse o perfil profissional de Alexinaldo. “Pelo que eu conheci ele, é uma ótima pessoa, apesar de ter trabalhado pouco com ele. Ali, se não estou enganado, foi meu primeiro serviço com ele”.

Na operação, os policiais estavam em fila indiana, na posição “centopeia”, e Eraldo era o quarto ou quinto na ordem. A juíza perguntou se há funções específicas para cada pessoa nesse alinhamento. “Quem vai na frente, vai observando para responder ao fogo, caso haja. Quem vai ao fundo, também. Quem vai no meio, espera a oportunidade para caso precise fazer o disparo. E também para olhar as laterais”, respondeu.