investigação da morte

Família de Mãe Bernadete contrata peritos para revisar trabalho da Polícia Civil da Bahia

Equipe vai revisar o laudo e o trabalho de perícia já realizado pelas autoridades baianas; família não teve acesso ao inquérito

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  • Alan Pinheiro

Publicado em 7 de novembro de 2023 às 20:31

Mãe Bernadete era considerada uma autoridade na defesa dos Direitos Humanos
Mãe Bernadete era considerada uma autoridade na defesa dos Direitos Humanos Crédito: Reprodução

A família de Mãe Bernadete contratou peritos particulares para revisar o trabalho da Polícia Civil da Bahia. Os profissionais devem chegar a Salvador na próxima semana para acompanhar a investigação do assassinato da líder quilombola, em agosto deste ano.

A equipe montada pelo novo advogado da família, Hédio Silva, vai revisar o laudo e o trabalho de perícia já realizado pelas autoridades baianas. De acordo com Silva, os peritos são de diferentes áreas como balística e necrópsia. Ele irão auxiliar na interpretação de toda a documentação do caso.

“O objetivo é dar seguimento às investigações. Não estou tendo acesso de perto ao inquérito, que está em sigilo. A família não tem acesso”, disse o filho de Mãe Bernadete, Jurandir Wellington Pacífico. O novo defensor também não teve acesso aos inquéritos e ainda não sabe quantos procedimentos investigatórios do caso estão em curso na Justiça. 

Em 18 de agosto, o inquérito que investiga a execução de Mãe Bernadete foi prorrogado por mais 30 dias após pedido apresentado ao Ministério Público do estado (MP-BA). O CORREIO procurou a Polícia Civil para esclarecer se o inquérito foi concluído e remetido à Justiça, mas não teve retorno até esta publicação.

Relembre o caso

Mãe Bernadete foi morta com 22 tiros dentro da associação do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador, no dia 17 de agosto. Até o momento, três homens foram presos na Bahia pelo envolvimento no assassinato e um suspeito de ser o segundo autor da execução segue sendo procurado.

As prisões foram anunciadas pelo secretário Marcelo Werner, no dia 4 de setembro, durante coletiva da SSP-Ba. Segundo o líder da pasta, os presos têm diferentes participações no crime: suspeito de ser um dos executores do crime, suspeito de guardar as armas do crime e preso por porte ilegal de arma de fogo e suspeito de receptação dos celulares da líder quilombola e de familiares, roubados durante o homicídio.

O primeiro preso foi detido por mandado de prisão no último dia 25 de agosto em Simões Filho. De acordo com a SSP, ele é suspeito pela receptação dos celulares do líder quilombola e de familiares, roubados durante o homicídio. O segundo detido por envolvimento no crime teve o mandado de prisão cumprido na sexta-feira (1º), na cidade de Araçás, a 105 km de Salvador. Ele confessou ter sido o executor do crime.

O terceiro a ser preso foi um mecânico que guardava as armas supostamente usadas no crime. Ele foi autuado em flagrante pela polícia na última sexta-feira (1º) em uma oficina mecânica na comunidade de Pitanga de Palmares, na zona rural de Simões Filho, mesma região onde fica o quilombo. As duas pistolas foram encontradas na oficina, com munições e três carregadores, dois deles estendidos.

O mecânico que guardava as armas foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. No trio, apenas o homem apontado como executor do crime já tinha passagem pela polícia.