CRIME

'Profissão ladrão': comerciantes reclamam de reincidência de assaltantes no Pelourinho

Assaltante preso em flagrante durante ação que baleou turista tinha mais de 30 passagens pela polícia

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 2 de abril de 2024 às 05:00

Comerciantes reclamam  de reincidência de furtos e roubos  Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A tentativa de assalto que terminou com um turista baleado no Centro Histórico de Salvador, na manhã deste domingo (31), trouxe à tona uma antiga reclamação de comerciantes e trabalhadores: a reincidência de autores desse tipo de crime. Um dos suspeitos pelo crime, preso em flagrante, tem mais de 30 passagens pela polícia como menor infrator, de acordo com agentes de segurança. Uma característica que, segundo quem vive do trabalho no Pelourinho, é comum entre os presos por furto e roubo a pessoas que passem pelo local. De acordo com a Polícia Civil, foram registrados 66 roubos no Centro Histórico, somente no primeiro trimestre de 2024, o que representa uma média de 22 roubos por mês no ano.

Apesar do alto número de ocorrências neste ano, houve uma redução de 56% na quantidade de roubos no Centro Histórico, em relação ao mesmo período do ano passado, com 150 registros em 2023. Ainda no domingo (31), dois turistas uruguaios que frequentavam o Pelourinho foram assaltados por um homem durante a noite. O suspeito, que já foi preso pela polícia, usou uma faca para ameaçar as vítimas.

Para Léo Régis, presidente da Associação do Centro Histórico Empreendedor (Ache), a possibilidade de assaltar, ser pego e voltar a cometer o mesmo crime se tornou um ciclo repetido no Pelourinho. Ele acredita ainda que, justamente por essa situação, suspeitos que, geralmente, agem com o uso de arma branca, vão além. No caso do último domingo, por exemplo, um dos suspeitos estava em posse de uma arma de fogo disparada contra o turista, que foi atingido no ombro e passa bem.

“Eles estão tão livres para atuar na ‘profissão ladrão’, que já justifica o uso de armas e agressividade. Do jeito que está, os ladrões devem até pedir música quando são presos e soltos a cada três vezes. O que foi preso neste caso, por exemplo, já é figura conhecida no Centro Histórico. Como eles, há outros. Então, até quando se tem policiamento como há no Pelourinho, eles continuam a agir dessa forma”, afirma Léo. A reportagem certificou a presença da PM em bases móveis, na Praça da Cruz Caída e no Terreiro de Jesus, além de viaturas da corporação e da Guarda Civil em rondas no local.

Rita Santos é coordenadora Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (Abam), classe que está presente no Pelourinho. Ao comentar a situação, ela corrobora com o discurso de Léo e acrescenta que todos conhecem os suspeitos que costumam cometer pequeno furtos e roubos na área. Rita acredita ainda que há uma intensificação dos crimes em pontos onde antes não havia registros.

“Eles já estão acostumados porque são presos de manhã e soltos à tarde. Não estão nem aí porque não passam nem um dia presos e voltam para fazer o mesmo na cara de pau. A polícia, inclusive, conhece todos eles pelo fato de prenderem. Nós conhecemos alguns, sabemos que são os mesmos sempre que roubam. Até na Praça da Cruz Caída, onde não era tão comum e tem base móvel próxima, vemos notícias recorrentes de assaltos”, reclama a coordenadora da Abam.

Procurada para explicar a operação no Pelourinho, a Polícia Militar da Bahia (PM-BA) detalhou que a segurança é de responsabilidade do 18º Batalhão, que atua também no Santo Antônio Além do Carmo. Segundo a PM, a área conta ainda com o reforço da CIPT Rondesp BTS, dos Batalhões de Policiamento Turístico (BPTur) e de Polícia de Pronto Emprego Operacional (BPeo), além de policiais empregados em regime extraordinário das Operações CHS, Fortaleza Barroca, Navio e Caboré.