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Bruno Wendel
Publicado em 11 de agosto de 2025 às 09:00
Além do núcleo formado por policiais militares no tráfico de armas, o Comando Vermelho de Feira de Santana conta ainda com mais duas células, estas encabeçadas por faccionados, encarregados pela aquisição desses armamentos através do tráfico e outros crimes, além de usar lojas de fachada para a venda das armas e lavagem de dinheiro. Estas informações estão na denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público da Bahia (MPBA), no dia 28 de junho deste ano, a que o CORREIO teve acesso com exclusividade. >
Sob o comando do traficante Heverson Almeida Torres, o ‘MG’ ou ‘Mil Grau’, o segundo núcleo é dedicado ao tráfico de drogas, armas, domínio territorial e outros delitos.Ele cumpre pena no Presídio Federal de Brasília. A mulher dele, Kalline de Oliveira Almeida, que também está entre os 32 denunciados na Operação Skywalker, assumia igualmente uma posição de liderança na célula e teve a prisão preventiva decretada. >
Já o terceiro núcleo é comandado pelo traficante Lucas Santos Barbosa, conhecido como ‘Mago’ ou ‘Mata Rindo’, com mesmo perfil delitivo da segunda. Ele segue foragido. De acordo com a denúncia do MPBA, as organizações compartilham membros e estruturas. É o caso de André Ricardo de Almeida Araújo Santos, o ‘Gordinho’, com prisão expedida pela Justiça, acusado de atuar como ‘laranja’ no esquema, simultaneamente no núcleo de PMs e de ‘Mil Grau’.>
Na mesma ação estratégica de ‘Gordinho’, está a advogada Andresa Cunha, presa na segunda fase da operação. “Exerce papel central na gestão financeira das suas últimas”, diz documento.>
CV: facção tem núcleo de policiais em Feira de Santana
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A investigação contra o grupo criminoso com atuação em Feira de Santana teve início com evidências de que o policial militar da reserva Nilton Silva Brito comercializava armas de uso restrito para membros do Comando Vermelho. Para isso, ele utilizava uma conta bancária do dono de uma distribuidora de Feira de Santana para ocultar e lavar dinheiro. O maior beneficiado era ‘Mil Grau’. >
Durante a investigação, a polícia utilizou interceptações de contatos telefônicos, análise de dados financeiros, além de contar com a colaboração de informantes. A partir das provas colhidas, cada suspeito foi identificado com um papel específico no esquema criminoso. Em conversas interceptadas, os integrantes da quadrilha discutiam, por exemplo, o uso de fuzis para a escolta de cargas ilícitas. >
Ainda de acordo com a investigação, a facção controla territórios da cidade, como o bairro Queimadinha, inclusive com a instalação de câmeras de segurança para vigiar a área. Também é apurada a relação dos suspeitos com homicídios, ameaças e intimidação de moradores. >
A operação Skywalker foi desencadeada de forma integrada pelo MPBA com o Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco/LD) da Polícia Civil. Durante a primeira fase da operação, mandados foram cumpridos em Lauro de Freitas e Muritiba, além de Brasília (DF), Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte. >