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Carol Neves
Publicado em 25 de junho de 2025 às 10:36
O corpo da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, será encaminhado para exames médicos antes de ser liberado para a viagem de volta ao Brasil. A informação foi confirmada pelo marechal do ar Muhammad Syafi’i, responsável pela Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia (Basarnas), em entrevista à TV local. O corpo de Juliana, que morreu após cair durante uma trilha no local, foi resgatado nesta quarta-feira (25).>
“A entrega do corpo ao hospital marca o fim da nossa atuação direta”, afirmou Syafi’i à emissora indonésia. A jovem, natural de Niterói, caiu de um penhasco durante uma trilha no Monte Rinjani, segundo maior vulcão do país, e foi encontrada sem vida quatro dias depois, a cerca de 600 metros abaixo da trilha.>
De acordo com Syafi’i, após ser removido do local do acidente, o corpo está sendo levado até o posto de Sembalun. Em seguida, seguirá para o Hospital Policial de Bhayangkara, onde serão realizados exames para identificar a causa e o momento provável da morte. “A partir daí, o processo de repatriação e outras providências caberão às autoridades competentes e à família da vítima”, completou.>
O resgate, que durou mais de sete horas, enfrentou obstáculos como terreno íngreme e clima instável. Como o uso de helicóptero não foi possível devido às condições meteorológicas e à falta de visibilidade, a operação foi feita com uso de cordas e apoio de montanhistas voluntários. Agentes da Basarnas, da polícia local e do Parque Nacional do Monte Rinjani participaram do trabalho. Um dos trechos da retirada foi registrado por um dos voluntários que desceu até a área onde Juliana estava.>
Juliana Marins
O pai da jovem, Manoel Marins, já está em Bali para acompanhar os trâmites. Em homenagem à filha, publicou nas redes sociais a letra de “Pedaço de Mim”, de Chico Buarque, com a legenda “Pedaço tirado de mim”. Depois, publicou uma carta assinada ainda pela mãe e pela irmã de Juliana fazendo homenagem à jovem. "Fica a sua presença em nossa casa, no seu quarto, no seu lugar preferido no sofá da sala. Fica a sua presença marcante na vida de quem teve o privilégio de te conhecer e de conviver contigo. E, especialmente, no meu coração, no da sua mãe e no da sua irmã. Voa, Juju, voa. Voa para os braços do Pai Eterno que lhe aguarda para te guardar para sempre nos seus braços de amor infinito", dizia o texto. >
Nas redes sociais, a repercussão do caso gerou comoção e críticas à demora nas ações de resgate. Segundo autoridades locais, em cinco anos, 190 acidentes foram registrados na mesma região e oito resultaram em morte.>
Juliana era formada em publicidade pela UFRJ e havia trabalhado em canais como Multishow e Canal Off. Em seu mochilão pela Ásia, iniciado em fevereiro, já havia passado por Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de chegar à Indonésia. Ela também era praticante de pole dance, participava de trilhas e já havia viajado por diversos países da Europa e América Latina.>
Cronologia da tragédia>
20 de junho, 19h (horário de Brasília) – Juliana caiu de uma trilha no Monte Rinjani. Estava com guia e grupo, mas ficou para trás após se sentir cansada. Turistas espanhóis a localizaram por drone caída a cerca de 300 metros da trilha horas depois.>
20 de junho, 22h – A família foi informada do acidente pelos turistas por meio das redes sociais.>
21 de junho, 11h40 – Foi divulgada a chegada de socorristas ao local, com suposta entrega de água e comida, informação depois desmentida.>
22 de junho, madrugada – Família descobre que vídeos e relatos passados pelas autoridades eram falsos. A embaixada informa retomada das buscas, mas condições climáticas impedem avanços.>
22 de junho, fim da manhã – As buscas são oficialmente suspensas por conta da neblina.>
23 de junho, madrugada – Operações são retomadas com drones térmicos e apoio de diplomatas brasileiros.>
23 de junho, 5h – Juliana é novamente localizada via drone, dessa vez imóvel.>
23 de junho, 11h36 – Alpinistas experientes se unem ao resgate com equipamentos especializados.>
23 de junho, 23h37 – Socorristas descem 400 metros; estimativa é de que Juliana esteja a 1.050 metros da trilha.>
24 de junho, 5h – Área do acidente é isolada para evitar presença de turistas.>
24 de junho, 11h – É confirmada a morte de Juliana Marins.>
25 de junho - manhã – Corpo é içado do penhasco após mais de sete horas de trabalho e levado ao hospital para exames antes de ser repatriado.>