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Carol Neves
Publicado em 25 de junho de 2025 às 14:20
O Monte Rinjani, na Indonésia, é conhecido tanto por sua beleza impressionante quanto pelos perigos que esconde, como alertou a morte da brasileira Juliana Marins, 26 anos. Em outubro do ano passado, uma história similar teve final bem diferente. O irlandês Paul Farrel, de 31 anos, viveu uma experiência extrema que por pouco não terminou em tragédia. Ele fazia trilha sozinho quando despencou de um penhasco de cerca de 200 metros em uma das áreas acidentadas da montanha. Mesmo ferido, ele conseguiu sinal de celular, o que permitiu acionar o socorro mais cedo. >
Foi após ligar para um resort da área pedindo ajuda que as autoridades foram acionadas. Uma equipe de resgate, que já estava mobilizada por conta de outro acidente nas proximidades, conseguiu localizar Paul com vida. Quando os socorristas chegaram, encontraram o irlandês com lesões no ombro e cortes profundos no rosto, nas pernas e nos braços. Ele estava abrigado sob uma formação rochosa, protegido do sol em um dia claro.>
A operação de resgate foi registrada em vídeos compartilhados nas redes sociais, mostrando o momento em que um dos socorristas desce por rapel para alcançar a vítima e, em seguida, é içado com ela até o cume por colegas que aguardavam no topo. Emocionado e visivelmente aliviado, Paul acendeu um cigarro e agradeceu à equipe: “Muito obrigado. Vocês salvaram minha vida. Eu nunca teria conseguido voltar sem vocês”, teria dito, conforme noticiado pela imprensa local.>
O episódio, apesar do final positivo, é uma exceção entre os diversos acidentes ocorridos no Rinjani. Poucos dias antes do resgate de Paul, as buscas pelo adolescente Kaifat Rafi Mubarraq, de 16 anos, chegaram ao fim após mais de uma semana. Ele havia desaparecido em 29 de setembro durante uma trilha com amigos e foi encontrado sem vida após cair em uma ravina, dificultando a ação das equipes por conta das más condições climáticas.>
Em maio deste ano, outro caso terminou tragicamente. Rennie Bin Abdul Ghani, malaio de 57 anos, caiu de uma altura de 80 metros após se afastar do grupo com quem percorria a trilha Torean, próximo ao Lago Segara Anak. Segundo testemunhas, ele não usava cordas de segurança e ignorou o protocolo ao seguir sozinho. A remoção do corpo levou mais de três horas devido ao relevo desafiador.>
O histórico de acidentes no Monte Rinjani também inclui a morte de um jovem israelense de 19 anos, em agosto de 2022, durante uma escalada. O corpo só foi recuperado com ajuda de uma equipe israelense de resgate e o apoio do consulado do país em Singapura.>
Com 3.726 metros de altitude, o Monte Rinjani é o segundo pico mais alto da Indonésia e um dos vulcões ativos do arquipélago. A montanha, situada na ilha de Lombok e dentro de uma área protegida, o Parque Nacional Gunung Rinjani, atrai anualmente entre 40 mil e 50 mil visitantes. A trilha até o topo pode levar de dois a quatro dias e atravessa áreas de floresta, penhascos e zonas de altitude onde as temperaturas despencam à noite.>
Mesmo com controle de acesso, exigência de guias credenciados e campanhas de orientação, os acidentes continuam a ocorrer. Para Yemen, chefe do Centro de Conservação de Rinjani, o preparo físico e psicológico dos visitantes ainda é uma questão crucial. “É fundamental estar física e mentalmente preparado e nunca subestimar o desafio que o Rinjani representa”, disse ele à agência Antara.>