Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 9 de maio de 2025 às 05:45
O norte-americano Robert Francis Prevost, 69, é o novo papa. Em seu primeiro discurso público como chefe da Igreja Católica, Leão 14 - nome escolhido por ele - se emocionou, pediu união entre os fiéis e agradeceu ao papa Francisco, que o tornou cardeal em setembro de 2023. Prevost é o 267º pontífice eleito, mas o que seu histórico aponta para as diferenças e semelhanças com seu antecessor? >
Nascido nos Estados Unidos, Prevost é conhecido pela sua atuação missionária no Peru durante os anos 1980, mas seu perfil é discreto. É visto, pela imprensa especializada, como um religioso que buscou diminuir as fronteiras entre os países. No pronunciamento após ser anunciado como papa, Leão 14 chegou a falar em espanhol para a multidão que o aguardava.
>
As referências aos pobres e migrantes o torna alinhado com o que era pregado pelo papa Francisco, que morreu em abril. Em entrevista ao site oficial de notícias do Vaticano no ano passado, o novo pontífice afirmou que “o bispo não deve ser um pequeno príncipe sentado em seu reino".
>
Quem conviveu com Leão 14 de perto ressalta seu lado próximo ao povo e capacidade diplomática, características similares às do papa Francisco. "Foi um pastor muito sensível, caritativo, sempre disposto a ouvir. Quando não podia atender uma ligação, estacionava o carro para retornar ou responder à mensagem assim que possível. É um homem que conhece o povo e esteve em todos os rincões da diocese", contou Melchor Pérez Cabrera, em entrevista à rádio GZH. Ele é pároco da igreja de Santo Domingo, em Olmos, no Peru. >
A posição de Leão 14 sobre a população LGBTQ+ ainda é incerta. Por enquanto, o novo papa não parece ser tão aberto ao público como Francisco foi. Em um discurso proferido em 2012 para bispos, Prevost lamentou que a mídia fomentasse a "simpatia por crenças e práticas que estão em desacordo com o Evangelho". Ele citou o “estilo de vida homossexual” e “famílias alternativas compostas por parceiros do mesmo sexo e seus filhos adotivos". >
Enquanto administrava a Diocese de Chiclayo, Robert Prevost foi acusado por três mulheres de acobertar casos de abuso sexual cometidos por dois padres no Peru, quando elas ainda eram crianças. Uma das vítimas teria telefonado para ele, em 2020, e denunciado o caso. >
Dois anos depois, Prevost recebeu formalmente os relatos e encaminhou o caso ao Vaticano. Um dos padres foi afastado preventivamente e o outro já não exercia mais funções por questões de saúde. A diocese peruana negou qualquer acobertamento e afirmou que Prevost seguiu os trâmites exigidos pela legislação da Igreja ao notificar o Vaticano. >
O papa Francisco, por outro lado, foi reconhecido pelas críticas aos escândalos sexuais envolvendo membros da Igreja. Em um discurso em setembro de 2024, ele afirmou que a Igreja Católica deveria buscar o "perdão" pelo "flagelo" dos abusos sexuais de menores de idade. "A Igreja deve ter vergonha e pedir perdão", afirmou. Com a recente eleição de Leão 14, o tempo e suas ações dirão se ele seguirá o caminho trilhado por seu antecessor.
>