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Convidado do Agenda Bahia, Cleber Paradela fala sobre IA, Felca e atuação no BBB

Publicitário de coração baiano, Paradela é Vice Presidente de Inovação e Conteúdo da DM9

  • Foto do(a) author(a) Elis Freire
  • Elis Freire

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 21:55

Cleber Paradela é um dos convidados do Agenda Bahia Crédito: Marcelo Santos

Um dos rostos da 16ª edição do Agenda Bahia, evento que será realizado pelo Jornal CORREIO na próxima quarta-feira (20), na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Cléber Paradela tem uma trajetória de muito reconhecimento e responsabilidade. Vice Presidente de Inovação e Conteúdo da DM9, o publicitário nascido em Minas, mas formado na Bahia, trabalhou por traz de grandes empresas e agências de marketing, tecnologia e CX. 

Em entrevista ao CORREIO, Cléber trouxe seus conhecimentos nas mais diversas frentes de atuação da publicidade para falar de temas extremamente atuais como diversidade e representatividade, regulação das plataformas digitais, inteligência artificial e ainda adiantou o que deve abordar no evento. Paradela integra um painel que faz parte do eixo "O Futuro do Trabalho – Competências, tecnologia e pessoas na Nova Economia", que terá ainda a participação de Fabio Duarte, fundador e CEO da Community Creators Academy, e Marcelo Sena, sócio fundador da Mosello Advocacia e mediação de Isaac Edington, presidente da Saltur e curador do evento.

Cleber Paradela por Marcelo Santos

Confira: 

Atualmente, a diversidade e representatividade são questões fundamentais na apresentação de uma marca para o mundo. Como vice-presidente de inovação, como você coloca isso em prática?

Cléber Paradela: Eu estudo inovação há muitos anos e acompanho o movimento que acontece no mundo inteiro. Existe um ponto que é inegável e indiscutível: a inovação só acontece quando há diversidade. Quando você tem pessoas com formações iguais, gerações iguais, cores de pele iguais, classes sociais iguais, gêneros iguais e origens iguais, a tendência é ter ideias iguais. É claro que ainda existe um abismo histórico no Brasil, que nunca debateu corretamente os efeitos pós-escravidão, e isso precisa ser corrigido. Uma vez que você entende que diversidade é base para a inovação, não tem como ignorar. Por isso, em qualquer empresa ou projeto em que atuo, minha primeira ação é trazer pessoas diversas para o time, atrair parceiros e fornecedores que também tenham essa prioridade, contratar influenciadores e desenvolver campanhas checando o histórico e a conduta dessas pessoas para evitar reforço de estereótipos. No caso da inteligência artificial, esse cuidado precisa ser ainda maior, porque ela carrega vieses comportamentais históricos da internet. Não é uma inteligência nova, livre de influência, e nem existe uma unanimidade sobre valores humanos. Ela nasce enviesada. Então, a checagem humana e letrada é sempre fundamental para garantir que não estamos perpetuando preconceitos.

Como você leva a Bahia para sua prática profissional no dia a dia?

Cléber Paradela: Eu nasci em Minas, mas me mudei jovem, aos 14 anos, para a Bahia, onde fiquei até o início da fase adulta. Fiz faculdade e pós-graduação em Salvador — me formei em publicidade e fiz pós em design de interfaces, algo que até hoje me dá bagagem relevante. Mas, mais do que formação acadêmica e amigos para a vida, a Bahia me deu leveza. A Bahia tem um jeito único no humor, na forma de pensar, na informalidade positiva no trato com as pessoas. Isso faz diferença enorme. O Brasil é reconhecido no mundo pela hospitalidade, pelo jeito natural de receber bem, de sorrir, de olhar no olho. Lembro de assistir a uma palestra da chef Alessandra Montagne, que nasceu no Vidigal e hoje lidera o restaurante do museu mais renomado do mundo, o Louvre, em Paris. Ela comparava a hospitalidade francesa com a brasileira e explicava que, no caso da França, é preciso treinar equipes para receber sorrindo, enquanto o brasileiro faz isso naturalmente. E isso vale para qualquer contexto — uma reunião de negócios, um restaurante ou relações políticas. Essa leveza é crucial, porque antes da inteligência artificial, dos negócios e dos acordos, somos todos seres humanos.

Em resumo, o que você vai trazer para a discussão no eixo “Futuro do Trabalho: Competências, Tecnologia e Pessoas na Nova Economia”?

Cléber Paradela: Muita gente está assustada com a transformação que a inteligência artificial vem promovendo na última década, especialmente nos últimos anos. Mas isso não é novidade. Eu mesmo estudei sobre isso mais de vinte anos atrás em Salvador. Quem já assistiu a filmes como Exterminador do Futuro ou Star Wars sabia que em algum momento chegaríamos a uma sociedade com supercomputadores e alta capacidade de processamento. Mesmo que parecessem distópicos, esses cenários não eram impossíveis. Não existe resposta exata sobre o que vai acontecer, e quem afirma ter provavelmente está enganado ou não entendeu. O que é possível é observar sinais e criar cenários possíveis. Como não tenho controle sobre o futuro, gosto de focar no presente, ajudando pessoas — e é o que faço com meus alunos — a entenderem a lógica por trás das transformações, para que, quando elas acontecerem, consigam interpretá-las com sobriedade. Não se trata de ignorar os impactos, mas também não de exagerá-los. Não podemos ser nem “cavaleiros do apocalipse” nem “polianas”.

O tema da regulação das plataformas digitais voltou a ganhar força após o vídeo do Felca expondo redes que lucram com exploração de imagens de crianças e adolescentes. O que as empresas de tecnologia e o marketing devem fazer para enfrentar isso?

O vídeo do Felca não trouxe uma grande revelação inédita - muitos especialistas, acadêmicos e criadores de conteúdo menores já vinham alertando há anos - mas teve um papel crucial por alcançar muita gente e explicar o assunto de forma didática, furando a bolha. A regulação e as medidas de proteção nas redes deveriam existir para proteger crianças e a sociedade como um todo, mas infelizmente o debate foi politizado e perdeu racionalidade. Foi ótimo o tema ganhar comoção pública, pois aumenta a pressão sobre as empresas que monetizam as plataformas para exigirem mais segurança. Esse tipo de pauta precisa entrar nos códigos de conduta e compliance das empresas, como já acontece com questões ambientais ou regulatórias. Marcas não podem correr o risco de ter sua imagem associada a crimes ou violência. E muito menos as pessoas deveriam correr esse risco só por estar nas redes, com boa intenção. A redução dos departamentos de moderação de conteúdo nos últimos anos agravou o problema, e as consequências são ruins para todos. Essa discussão precisa ser feita sem polarização e com maturidade, pensando no que é melhor para a sociedade, não para interesses políticos. Pois no fim, quase todos perdem com isso.

Como foi o processo de negociar publicidade no Big Brother Brasil? Com quais marcas você trabalhou e qual a diferença para uma inserção comum?

Cléber Paradela: Já trabalhei no Big Brother para diversas marcas nos últimos anos, como iFood, Rexona, MRV entre outras. Diferente de uma inserção publicitária tradicional, em que a marca aparece no intervalo e interrompe o conteúdo, no Big Brother a marca se insere na narrativa, faz parte da história. As negociações acontecem com meses de antecedência e há disputa entre marcas. Quem compra um ano tem preferência no seguinte, impedindo que o concorrente compre, a não ser que haja desistência. Mais importante do que as inserções é ter o direito de usar e licenciar a propriedade intelectual do programa. Na última edição, a DM9 atendeu quatro marcas diferentes simultaneamente, com ativações variadas a cada semana. Foram mais de 150 pessoas contratadas temporariamente (além da equipe fixa), trabalhando em modelo de escala com equipes durante o dia e equipes durante as noites, por mair 100 dias de programa, além dos meses de preparação e semanas de fechamento. É um verdadeiro intensivão, e a DM9 se especializou em criar operações complexas para participar das grandes conversas nacionais e globais — como Carnaval de Salvador, Rock in Rio, Olimpíadas, Copa do Mundo e Oscar. Aproveitando, curiosamente comecei minha carreira fazendo exatamente isso aqui em Salvador, cobrindo o carnaval e o Festival de Verão da Rede Bahia no Orkut, logo após o lançamento dessa plataforma no Brasil. Sem perceber, já estávamos muito à frente, fazendo o que hoje é padrão para marcas que querem entrar nas grandes conversas. Esses projetos há mais de 20 anos me levaram da Bahia pro mundo.

O Agenda Bahia é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Acelen, Sebrae, Tronox e Unipar, apoio institucional da FIEB e da Prefeitura Municipal de Salvador, apoio do Salvador Bahia Airport e Veracel, e parceria da Braskem.