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Carol Neves
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 09:49
"Meu próximo desafio é levantar, voltar a ficar de pé novamente, depois vem a prótese e retomar os treinos". Isso é o que diz Emerson Pinheiro, de 29 anos, corredor amador e estudante de Educação Física, que falou com a imprensa nesta terça-feira (16), um mês após ter sido atropelado enquanto corria na orla da Pituba, em Salvador. Usando cadeira de rodas e visivelmente mais magro, ele falou sobre a recuperação, a adaptação à nova rotina e os planos de continuar no esporte.>
Emerson começou a correr em 2014, quando se alistou no Exército Brasileiro, e nos últimos quatro anos vinha se dedicando de forma intensa ao atletismo amador. Apesar da amputação da perna direita e dos ferimentos graves na esquerda, ele manteve a determinação: “Meu projeto é seguir com os estudos e continuar no atletismo, agora dentro do mundo PCD. Quero incentivar outras pessoas que passaram por situações parecidas. Já penso, sim, em Paralimpíadas, e converso bastante sobre isso com meu treinador”, afirmou. “Sou estudante de Educação Física e o esporte sempre fez parte da minha vida. Não pretendo parar por aqui”, acrescentou, em conversa com a TV Bahia. >
Corredor de rua foi atropelado em Salvador
O acidente ocorreu no dia 16 de agosto, quando Emerson foi atingido por um veículo conduzido por Cleydson Cardoso Costa Filho, de 26 anos, filho da vereadora Débora Santana (PDT). O motorista foi preso em flagrante. Segundo a denúncia do Ministério Público da Bahia (MP-BA), ele dirigia de forma temerária, com excesso de velocidade, colocando em risco pedestres, e o caso passou a ser tratado como tentativa de homicídio qualificado. Ontem, a Justiça concedeu liberdade provisória ao motorista, com medidas que incluem monitoramento eletrônico, afastamento da vítima e proibição de dirigir.>
Na entrevista, Emerson destacou a fé, o apoio da família e a leitura de livros motivacionais como forças que o ajudam a superar o trauma. “Manter a fé sempre. Independente de qualquer religião, a gente tem que ter fé. Desistir, jamais”, disse sua avó, Maria do Carmo. “Ele disse: ‘Oh vó, não fique triste, não, que eu vou seguir toda a minha jornada. Eu vou correr de cadeira de rodas, de muleta ou de prótese, mas, em nome de Jesus, vou resolver tudo’”, afirmou.>
O corredor precisou cancelar competições, incluindo a Maratona Internacional de Buenos Aires, para a qual já estava inscrito. Mesmo assim, garante que não pretende abandonar o atletismo e quer usar sua história como inspiração para outras pessoas com deficiência.>