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Elaine Sanoli
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 19:59
Moradores de um conjunto residencial no bairro do Stiep, em Salvador, estão em alerta após pelo menos cinco gatos serem encontrados mortos dentro do condomínio. De acordo com um morador, só este mês dois animais já foram alvo de envenenamento. Em um dos casos, ele conta que chegou a gastar, do próprio bolso, cerca de R$ 1,2 mil para tentar salvar um dos bichinhos, mas não teve sucesso. >
O morador do condomínio, Sílvio Albuquerque, contou ao CORREIO que os animais começaram a aparecer aos poucos em uma residência e foram aumentando em número. Inicialmente, eles se alimentavam de lixo, mas passaram a receber ração e outros cuidados de alguns dos residentes. Atualmente, cerca de 14 gatos de rua habitam o local e convivem com outros que pertencem aos moradores. Desde junho, cinco animais foram mortos, sendo dois deles neste mês de setembro. O primeiro, apelidado de “Coreano”, foi encontrado no dia 21, na casa de um morador; havia espuma na boca do animal quando ele foi achado e, depois, descartado em um saco de lixo.>
Gatinhos foram mortos por envenenamento
O segundo, “Leozinho”, desapareceu e só foi encontrado dias depois. “Levamos para uma clínica particular aqui no Stiep. Ele foi transferido para uma unidade na Graça e veio a óbito. A médica nos entregou um relatório detalhado que comprova que ele morreu por envenenamento severo por chumbinho”, contou o morador. Para custear o socorro ao animal, ele tirou do próprio bolso cerca de R$ 1,2 mil. O animal, apesar dos esforços, faleceu na última terça-feira (23).>
Moradores expressam preocupação com a gravidade da situação, já que a presença de substâncias tóxicas em áreas comuns ou privadas representa risco não apenas para gatos e cães, mas também para crianças que circulam pelo condomínio.>
A suspeita dos que cuidam e alimentam a “colônia de gatos” é que outros residentes do condomínio tenham envenenado os animais por discordarem da presença deles no local. Segundo Sílvio, os vizinhos ficaram incomodados quando ele e mais alguns moradores começaram a alimentar os bichinhos, incentivando sua permanência no residencial. “Começou a incomodar alguns moradores escancaradamente. Eles saíam e ficavam com os braços cruzados. Diziam: ‘Você já está aí dando comida para esses gatos?’. Isso foi criando aquele clima”, relatou.>
Após a morte de Leozinho, os moradores decidiram acionar o Ministério Público da Bahia (MP-BA) para que alguma medida seja tomada a fim de proteger os animais da região. Eles preencheram um formulário pela internet, mas ainda não tiveram retorno do órgão. O CORREIO também entrou em contato com o MP e aguarda resposta. Além disso, o grupo registrou uma ocorrência na guarita de segurança do condomínio.>
“Vamos fazer um manifesto no sábado (27) para dar visibilidade ao caso, chamar a atenção do Ministério Público e criar um desconforto nessas pessoas que acham que podem matar qualquer animal de rua porque 'não dá em nada'”, disse o morador. Com cartazes e camisas pretas, os manifestantes planejam fazer uma passeata pelo condomínio. “A expectativa é que o Ministério Público leve isso adiante e consiga, de alguma forma, chegar às pessoas ou à pessoa que está causando esse mal terrível. Mesmo se não conseguir descobrir, que pelo menos mostremos que, se alguém fizer algum mal, haverá quem corra atrás”, declarou.>