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Publicado em 2 de outubro de 2025 às 06:00
Quando foi para a mesa de operações do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), no dia 24 de setembro, Vitória*, 60 anos, buscava retirar um tumor benigno que estava instalado no seu coração. O que ela não sabia é que o procedimento representaria um marco na medicina regional. Realizada com o auxílio de um robô, a cirurgia cardíaca foi a primeira do tipo no Norte-Nordeste. >
O responsável pela equipe foi o cirurgião cardiovascular Marco Guedes, que explica que a decisão pela realização do procedimento foi motivada pelo risco de embolização, quando fragmentos do tumor se espalham por outras partes do corpo. Ainda segundo ele, o uso do robô representa um aumento na segurança do procedimento, que se torna menos invasivo e menos traumático para a paciente. >
“Essa cirurgia usualmente era realizada com uma incisão grande na superfície, o que causava um trauma cirúrgico relevante. A robótica representa um salto na tecnologia utilizada das operações e isso se traduz em um resultado muito melhor, já que há uma redução no risco de sangramentos e complicações, menos dor para o paciente, que retorna mais rápido para as atividades do dia a dia”, diz. >
Marco também conta que o robô permite a realização de movimentos mais sensíveis, com precisão milimétrica. O equipamento conta com uma lente com capacidade de até dez vezes no aumento do objeto, além de possuir um braço capaz de realizar mais movimentos do que o punho humano. >
“Isso facilita muito o trabalho do operador e traz uma destreza maior para o cirurgião. Além disso, a plataforma está conectada a internet, o que propicia que outros colegas em várias partes do mundo possam colaborar com a cirurgia, trazendo uma interação de toda a parte médica que é muito bacana”, continua. >
A paciente recebeu alta depois de três dias e deverá retornar para avaliação ainda nesta semana. “Ela está totalmente assintomática, realizando todas as atividades do dia a dia e me manda mensagem diariamente, com um entusiasmo muito grande. Por mais que tivéssemos conversado antes do procedimento, ela não esperava fosse tão pouco para uma operação cardiovascular de grande porte”, fala. >
O médico reforça que nem todo paciente pode ser submetido a cirurgia robótica, sendo importante analisar as características anatômicas de cada um antes de usar a máquina. O equipamento já era utilizado em outros procedimentos no HMDS, em especial naqueles voltados para a área urológica, como operações de próstata.>
“Ter essa ferramenta no nosso arsenal terapêutico vai proporcionar um melhor tratamento para os pacientes e uma recuperação menos dolorosa. Participar disso é um marco não só para a equipe, mas para toda a instituição. A cirurgia cardíaca é uma área muito complexa, que necessita de muitos profissionais e agregar a tecnologia na qualificação dos nossos procedimentos vai nos trazer resultados ainda melhores”, finaliza Marco.>
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