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Yan Inácio
Publicado em 23 de setembro de 2025 às 13:33
Marcus Vinicius Alcântara, de 26 anos, era brincalhão e sorridente. “Para ele não tem tempo ruim, só vivia dando risada”, diz Maria do Carmo, mãe do jovem autista, morto a tiros no bairro Rio Sena, na tarde da segunda-feira (22). Segundo moradores Marcus se assustou com uma ação policial na Rua da Bomba e, ao correr, foi ferido com diversos tiros pelos militares. A versão da polícia é diferente. >
Segundo a mãe, o rapaz gostava de orar e andava sempre com uma bíblia e um microfone. “Essas eram as coisas que ele gostava. Orava dentro de casa, orava para as pessoas”, disse a mulher à TV Bahia. Marcus era querido pelos moradores do bairro, que descreveram o jovem autista como brincalhão e alegre.>
“Toda vez que ele passava, ele me perguntava ‘minha avó, cadê a senhora?’, enquanto ele não me via, ele não sossegava. No dia 12 de outubro, ele pediu para guardar o caruru e falava ‘eu gosto da comida da minha vó’. Era muito querido, ele não tinha maldade com ninguém, brincava com qualquer criança”, disse a mãe de santo do bairro.>
Jovem morto no Rio Sena
Vizinhos acusam policiais de terem disparado contra o jovem. Um morador que não quis se identificar disse que alertou os policiais de que Marcus era autista. “Ele tá dizendo que foi troca de facção, e na realidade, não foi. Foi a polícia mesmo”, disse à TV Bahia. Outra mulher falou que os agentes ignoraram os avisos dos moradores e levaram o corpo do jovem para a viatura.>
Segundo a Polícia Militar, a vítima foi socorrida ao Hospital do Subúrbio, mas não resistiu aos ferimentos. O caso é acompanhado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que instaurou investigação para apurar o fato.>
Em nota, a corporação disse que lamenta "profundamente o falecimento de Marcus e se solidariza com familiares e amigos neste momento de dor". "A instituição segue firme no seu dever constitucional de proteger vidas e garantir a segurança pública, atuando com respeito aos direitos humanos", acrescentou.>
Moradores fazem protesto: 'Vida brutalmente ceifada'>
Moradores e familiares do jovem fizeram uma série de manifestações ainda na segunda (22) após o episódio de violência. "Ele não era envolvido [com o crime]. Era apenas uma criança. Ele acabou se assustando e correu", desabafou uma vizinha, que não será identificada para preservação da imagem.>
Vizinhos fizeram mais protestos nesta terça-feira (23). "Ele era amoroso, carinhoso com todos nós da comunidade e teve simplesmente a vida brutalmente ceifada. Queremos justiça", disse. >