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Monique Lobo
Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 15:46
Uma postagem de um encontro com o ex-reitor João Carlos Salles no perfil oficial da Universidade Federal da Bahia (Ufba) nas redes sociais gerou polêmica no mês passado. Isso porque o encontro em questão era uma reunião geral de pré-campanha para sua candidatura à reitoria da instituição. >
A publicação foi feita no último dia 12, nos perfis da Ufba no Instagram e Facebook. Após ficar por mais de 20 horas no ar, a postagem foi apagada. >
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Em nota, a Coordenação de Comunicação Institucional da Ufba falou em um "equívoco". "Foi involuntariamente publicado em um storie na página oficial da Universidade no Facebook conteúdo relacionado à pré-campanha para reitorado. O conteúdo, que seria postado na página pessoal de um integrante da equipe desta coordenação, foi removido imediatamente após alerta", informou. >
A Coordenação de Comunicação da instituição ainda pediu desculpas na nota e acrescentou que "medidas de controle já foram tomadas". >
A reportagem procurou a universidade para saber quais foram essas medidas. Em nota, o coordenador de Comunicação Institucional da Ufba, Marco Antônio Queiroz, informou que "a medida preventiva de esclarecimento foi considerada suficiente pela administração central e pelo órgão de correção da Ufba".>
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A servidora que fez a publicação foi identificada, mas terá seu nome preservado. Em uma troca de mensagens sobre o assunto, ela assumiu que cometeu um erro. "Foi erro humano, erro meu, pois estou logada na minha conta pessoal e na conta da universidade", disse. >
Segundo ela, assim que notou que havia feito a publicação, excluiu o conteúdo do Instagram, mas esqueceu de excluir do Facebook. A postagem ficou por 23 horas no perfil da Ufba nesta segunda rede social. >
"Peço desculpas por essa falha pessoal de atenção ao pré-candidato Penildon [Silva Filho] e aos apoiadores da campanha", completou, em referência ao atual vice-reitor da universidade e também pré-candidato à presidência da reitoria. >
O coordenador de Comunicação Institucional da Ufba confirmou a informação. Segundo ele, a publicação foi excluída em "fração de segundos" do Instagram, sem qualquer visualização externa. "Mas [a servidora] não atentou para o fato de que a postagem vai automaticamente para os stories do Facebook (rede que se encontra atualmente com engajamento irrisório), e, infelizmente, a exclusão não foi automática", acrescentou. >
Ainda de acordo com ele, a publicação ficou por 23 horas no Facebook, com 21 visualizações até a sua exclusão. >
A publicação do conteúdo de um candidato à reitoria nas redes sociais da universidade pode ser considerada uma infração ao parágrafo (§) 1º do Art.37 da Constituição Federal que estabelece que "a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos".>
Além disso, a Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92) também destaca, no Art. 11, inciso XII, que constitui ato de improbidade administrativa "praticar, no âmbito da administração pública e com recursos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco enaltecimento do agente público e personalização de atos, de programas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos". >
O Ministério Público Federal (MPF) também foi procurado para saber se está acompanhando o caso, mas ainda não retornou. O espaço segue aberto.>
Para o coordenador de Comunicação Institucional da universidade, não houve dolo por parte da profissional. "O baixíssimo engajamento do storie evidencia que também não houve prejuízo para a campanha de qualquer dos pré-candidatos que, de resto, não apresentaram nenhum questionamento sobre o assunto".>