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Wendel de Novais
Publicado em 12 de junho de 2025 às 14:00
A suspensão das atividades da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador, é resultado do grau de exposição que a unidade de ensino superior tem em relação a tiroteios registrados na Engomadeira. A área, que tem atuação da facção do Comando Vermelho (CV) e acumula casos de confronto entre policiais e suspeitos, faz divisa e tem acesso direto ao Campus I da universidade, que fica no Cabula. Segundo dados do Instituto Fogo Cruzado, foram registrados este ano seis tiroteios com três mortos na região este ano. Todos os casos foram durante ocorrências policiais. >
O mapa da capital mostra como a Uneb e a localidade estão próximas. O Restaurante Universitário (R1), por exemplo, fica a metros de uma área de vegetação da Rua Anizete Alves e a Av. Miguel Santana, que são vias da Engomadeira. Por conta da proximidade e da ausência de barreiras físicas entre os locais, os tiroteios interrompem as aulas na universidade, que já virou caminho de passagem de moradores que residem ali. >
Quem explica isso é uma estudante. “Quando acontece, fecha e, infelizmente, acontece algumas vezes. É tudo lá no fundo [do campus]. Tem muitas casas lá e tem passagem aqui para dentro. Dá para ver uma trilha de lá para a Uneb. Quando estamos lá no R1, a gente vê pessoas que passam no caminho e usam a universidade como saída para a avenida”, fala ela, sem se identificar, citando a Rua Silveira Martins. >
Uneb faz divisa com área do CV e sofre com tiroteios
Os tiroteios da quarta-feira (11) ocorreram entre PMs e traficantes na região. Depois dos confrontos, suspeitos de integrar a facção do Comando Vermelho (CV) invadiram duas residências em que fizeram famílias reféns dentro da Engomadeira. Depois de negociar, os suspeitos se entregaram à polícia e as vítimas foram liberadas. Ao todo, oito indivíduos foram presos e dois apreendidos, por serem menores. >
Um professor, que pede anonimato, fala que a suspensão das atividades anunciada pela instituição não é um caso isolado. “Não é a primeira vez que as aulas são suspensas. Isso acontece por causa do entorno, que é perigoso. Os alunos já ficam atentos quando acontece alguma coisa. Um assaltante já foi preso dentro da universidade depois de fugir da polícia”, conta um professor que pediu anonimato.>
A Uneb foi procurada pela reportagem para que uma fonte comentasse a situação, mas não respondeu até a publicação desta matéria. Uma outra aluna, que pede para ter o nome preservado, reclama do fato da universidade ter virado passagem da Engomadeira. “Essa proximidade faz a gente temer que a violência que acontece lá chegue aqui. Não consigo entender como deixam isso aberto”, reclama. >
Em nota, a Uneb afirmou que aguarda respostas da Secretaria de Segurança do Estado da Bahia (SSP-BA) e permanece vigilante e atuante na discussão e nas cobranças junto aos órgãos públicos responsáveis, a fim de que se construa uma sociedade sem violência e, consequentemente, um ambiente seguro, fundamentado no cuidado e na valorização da vida dentro e fora da Universidade. >