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Unimed e clínicas em Salvador são investigadas por crimes contra crianças autistas

Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em cinco bairros da capital baiana

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 21 de outubro de 2025 às 15:10

Material apreendido durante operação da Polícia Civil em Salvador
Material apreendido durante operação da Polícia Civil em Salvador Crédito: Divulgação

O tratamento fornecido pela Unimed às crianças autistas que precisam de atendimento especializado não provoca indignação apenas em pais e responsáveis. Nesta terça-feira (21), a sede do plano de saúde em Salvador, no bairro da Pituba, e seis clínicas credenciadas foram alvo de uma operação deflagrada pela Polícia Civil. Entre os crimes investigados estão estelionato, falsidade ideológica, exercício ilegal da profissão e publicidade enganosa.

A operação Neurodignos foi deflagrada após denúncias de irregularidades supostamente cometidas pelo plano e clínicas no tratamento prestado às crianças que integram o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Entre os problemas relatados estão a propaganda de serviços que não eram oferecidos pelas unidades e a 'navegação abusiva' - quando o tratamento é interrompido sem justificativa. A Unimed nega as denúncias. 

Nesta manhã, investigadores apreenderam documentos físicos e digitais, como contratos, relatórios médicos, listas de profissionais, notas fiscais, registros de frequência e informações financeiras. Todo o material será periciado pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). As clínicas estão localizadas nos bairros do Stiep, Barra, Trobogy e Ondina, além da Avenida Garibaldi. Confira as clínicas alvo da operação abaixo. 

Unimed e clínicas em Salvador são investigadas por crimes contra crianças autistas por Divulgação

"Um farto material probatório foi apreendido, entre celulares e computadores, e passará por análise. Vamos aprofundar as investigações a partir dos elementos", explicou o delegado Thiago Costa, titular da Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon). Ele ressaltou que a prática conhecida como 'navegação abusiva' é um dos focos da operação. 

"Dentre as condutas investigadas, uma delas é a navegação abusiva, que acontece quando a criança autista está criando vínculo com os profissionais, e, de ofício, é transferida para outra clínica sem justificativa. Ou ainda quando o médico determina sessão individualizada e as clínicas fazem sessões conjuntas", completa o delegado. 

Entre os serviços que deveriam ser prestados pelas clínicas credenciadas ao plano Unimed estão acompanhamento com fonoaudiólogos, terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada), Prompt, além da terapia ocupacional. O tratamento especializado é essencial para o desenvolvimento intelectual de crianças autistas. As condutas indevidas das clíncias prejudicam os tratamentos. 

Procurada para comentar as denúncias, a Central Nacional Unimed disse, em nota, que colabora com a investigação e negou as denúncias. "A Unimed CNU reforça seu compromisso permanente com a qualidade e o cuidado na assistência à saúde de seus beneficiários. A cooperativa está colaborando integralmente com as autoridades responsáveis, confiante na completa apuração dos fatos", afirma. 

"Em conformidade com todos os preceitos definidos pela ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar], a operadora reitera seu compromisso com a transparência, a excelência, a segurança e o respeito no atendimento de todos os seus clientes", completa. 

Danos

O empresário Lucas Sérvio precisou processar a Unimed para que o plano cumprisse com o que é previsto em contrato e fornecesse tratamento especializado à sua filha diagnosticada com autismo. A família conseguiu uma decisão favorável na Justiça para que os serviços fossem bancados pelo plano, em uma clínica não credenciada, durante três meses. 

O prazo, no entanto, terminou na segunda-feira (20), e outra ação foi protocolada no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) para garantir a continuidade do tratamento da menina de 10 anos. "A clínica onde ela recebia atendimento foi descredenciada do plano, e a Unimed indicou outras clínicas, que não forneciam o tratamento adequado para ela", diz. A criança passou um ano sem acompanhamento. 

"Foi muito prejudicial. Minha filha regrediu bastante no tratamento, sofremos várias dificuldades, tanto é que precisamos entrar na Justiça para garantir o tratamento. Agora, estamos tentando ampliar o prazo", completa o empresário. Ele paga cerca de R$ 1,4 mil na mensalidade do plano de saúde das duas filhas, sendo que uma delas é diagnosticada com TEA. 

Denúncias

A promessa de tratamentos com equipe especializada sem que houvesse profissionais adequados nas clínicas também é investigada pela Polícia Civil. De acordo com apuração da Delegacia de Defesa do Consumidor, algumas clínicas investigadas anunciavam a oferta de atendimento multidisciplinar, composto por profissionais como terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos e pedagogos, mas, em muitos casos, não possuíam os especialistas habilitados indicados nas divulgações. O exercício ilegal da Medicina tamém é apurado.

O CORREIO apurou que além da sede da Unimed, localizada na Avenida Paulo VI, foram alvo de busca as seguintes clínicas: MultiSense (Trobogy), Instituto Desenvolver (Pituba), Clinipsic (Stiep e Barra), Ello Neurologia e Neuromodulação (Av. Garibaldi) e Clínica Integrada da Criança e do Adolescente (Pituba).

A reportagem entrou em contato com todas as clíncias, mas não obteve retorno sobre as investigações. O espaço segue aberto

Tags:

Saúde Polícia Civil Investigação