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De Feira de Santana para o mundo: a história do melhor brigadeiro inovador de 2025

Receita de gorgonzola com amora foi criada por trio de empreendedoras: mãe e filhas são referência nacional no ramo dos brigadeiros

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 25 de outubro de 2025 às 05:00

O Brig Gorgonzola com Amora venceu o  C
O Brig Gorgonzola com Amora, da Casa Brig, venceu o Correio Experimenta Brigadeiros Especiais 2025 Crédito: Reprodução

A cada data comemorativa, a ideia era lançar um cardápio especial. Foi assim que, em um menu para o Dia dos Pais, o trio de fundadoras da Casa Brig, em Feira de Santana, chegou à base daquele que seria o melhor brigadeiro especial de 2025: o Brig Gorgonzola com Amora. A versão salgadinha da massa com a fruta na forma caramelizada conquistou os jurados e se tornou a campeã do ranking de brigadeiros especiais do Correio Experimenta de 2025.

"Desde que a gente abriu a loja, o brigadeiro de gorgonzola sempre foi um dos mais pedidos", lembra a confeiteira e empresária Giovanna Guimarães, 27 anos, uma das fundadoras da Casa Brig. A confeitaria funciona desde 2023 no bairro dos Capuchinhos, em Feira de Santana, comandada por Giovanna; por sua mãe, a empresária e confeiteira Patrícia Guimarães, 47, e por sua irmã, a empresária Amanda Guimarães, 30.

A loja é uma das frentes de um dos maiores cases de empreendedorismo no ramo de confeitaria no país: a marca A Brigadeirinha. Hoje, a empresa nascida em Feira de Santana e fundada pela mãe e pelas duas filhas é referência para a produção de brigadeiros, oferecendo desde uma plataforma de cursos até linhas de produtos como carimbos para decorar os doces e colheres porcionadoras. No Correio Experimenta, elas concorreram com dois doces: além do Brig Gorgonzola, vencedor em sua categoria, o Brig Chocolate ficou em sexto lugar no ranking dos melhores tradicionais.

Amanda, Giovanna e Patrícia Guimarães fundaram a Casa Brig, confeitaria de A Brigadeirinha por Reprodução

A receita do vencedor foi sendo aprimorada pelo trio, ao longo dos anos. "A gente percebeu que podia inovar um pouco mais, porque via a geleia com gorgonzola em pizza e em pães. Trouxemos para o brigadeiro e fomos melhorando a forma", diz Giovanna. "No início, a geleia ficava só em cima. Depois, fizemos caramelizada e fomos otimizando a produção, porque rechear com a geleia é mais complexo".

O vencedor foi o preferido da editora-chefe do CORREIO, Linda Bezerra, entre todos os 60 participantes (ou seja, considerando tradicionais e especiais). "Os técnicos até disseram que esse brigadeiro não é novidade, mas, para mim, foi uma novidade. Não sou uma especialista, mas o gorgonzola com amora ornou muito bem". Para ela, houve harmonização entre os sabores. "O gorgonzola ficou suave. Não brigou com a amora. No sabor, foi o melhor brigadeiro do concurso", decretou.

Brigadeiro Casa Brig - Correio Experimenta Brigadeiros por Sora Maia/CORREIO

Em família

Os brigadeiros se tornaram o ramo profissional da família Guimarães em 2014, a partir da matriarca. Naturais de Santo Antônio de Jesus, a família tinha se mudado para Feira de Santana dois anos antes. Patrícia sempre gostou de fazer doces, mas trabalhava com artesanato, fazendo noivinhas em biscuit. Até que, em 2014, quando surgiu a moda dos brigadeiros gourmet, ela decidiu começar a vender. Perguntou se as filhas, na época ainda adolescentes, poderiam ajudá-la.

Elas chegaram a alugar um ponto embaixo da casa onde moravam de aluguel, em um apartamento pequeno. Fez a fachada já com o nome ‘A Brigadeirinha’, no bairro São João (numa localidade conhecida como Garrafão, em Feira). "Só que minha mãe não tinha muita noção de administração na época. Ela só gostava de fazer doces, então a lojinha não deu certo. A gente fechou e começou a trabalhar de casa. Sempre falamos às nossas alunas que às vezes precisa dar um passo para trás antes de dar um passo para a frente", conta Giovanna.

Ao mesmo tempo, elas começaram a construir o nome na cidade. Participavam de eventos e feiras ao mesmo tempo em que postavam muito no Instagram. Nenhuma encomenda saía de casa sem postar no Instagram. As meninas, que tinham se mudado para Feira para estudar, fizeram faculdade (Amanda é arquiteta e Giovanna estudou nutrição), mas não atuam diretamente na área porque o negócio da família cresceu.

Além do brigadeiro, elas também faziam encomendas de bolos e pãozinho delícia. "Em 2017, a gente percebeu que muitos concorrentes tinham começado a fazer coisas bem parecidas com as nossas e a gente não tinha mais como atender à demanda. Por isso, a gente decidiu ensinar. Minha mãe sempre quis ser professora, então começamos os cursos presenciais".

No início, as aulas eram na sala de casa, com cadeira emprestada. Mas, praticamente todos os sábados e domingos, havia cursos presenciais com 15 a 20 alunos de Feira e região. A preferência dos alunos sempre tinha sido pelos cursos presenciais, mas tudo mudou na pandemia da covid-19. na época, tiveram que cancelar os cursos presenciais e gravar aulas online. Elas até já tinham alguns cursos remotos, mas sem tanta força. Dali em diante, contudo, veio a visibilidade maior na internet. Desde então, A Brigadeirinha já teve mais de 10 mil alunos. Na próxima semana, elas viajam para Portugal para cursos presenciais lá.

"Na pandemia, minha mãe engravidou e era de risco. Precisava de repouso absoluto. Nesse período, a gente não teria como produzir conteúdo online, porque ela era a professora. Comecei a tomar a frente, porque a empresa não podia parar. Superei a vergonha e comecei a produzir conteúdo sobre o que eu sabia fazer, que era brigadeiro", explica ela. Giovanna tomou a frente das redes sociais, mostrando a rotina com as encomendas de brigadeiros.

Na época, começou a viralizar mostrando sua técnica para deixar os brigadeiros coloridos, inspirado no trabalho de sua mãe com o biscuit. "Digamos que tínhamos uns 80 mil seguidores na época, mas depois disso começamos a ganhar muita notoriedade nas redes sociais". Hoje, só no perfil principal @abrigadeirinha, elas têm 679 mil seguidores. "Tudo virou brigadeiro".

No mesmo período dos brigadeiros coloridos, ela começou a usar ejetores de biscuit, tal como sua mãe tinha usado um dia, para marcar os brigadeiros. As seguidoras perguntavam de onde era, querendo comprar. Foi assim que veio a inspiração para criar o Carimbinho, um acessório hoje amplamente usado pelas confeitarias para personalizar brigadeiros.

"A gente abriu as vendas em 2021 e o estoque com 200 kits de carimbinhos, que tinha demorado dois meses para fazer, esgotou em 30 minutos. Foi assim que a gente percebeu que tinha demanda. Hoje, já são mais de 70 kits, além de outros produtos". A criação mais recente, a espátula carambola, foi lançada em junho e teve o primeiro lote esgotado em dois dias.

Em 2022, elas perceberam que queriam viver o que ensinam de outra forma: ampliando o espaço e a equipe (na época, além das três fundadoras, tinha apenas três funcionários, todos da família). Foi assim que decidiram expandir e abrir a Casa Brig. Encontraram um ponto para a confeitaria e, após seis meses de reforma, o espaço passou a receber clientes em Feira.

30 concorrentes participaram do Correio Experimenta Brigadeiros por Sora Maia/CORREIO

"Tivemos que nos tornar gestoras tanto do negócio quanto da equipe, que passou para 16 funcionários. A gente não queria que a Casa Brig fosse só de brigadeiros, ainda que fosse o principal. Nosso grande diferencial é oferecer mais de 20 sabores de brigadeiros todos os dias. No início, eram 30 sabores, mas acabamos reduzindo e colocando alguns sazonais", diz Giovanna.

Hoje, elas têm um ecossistema de marcas que gira em torno do brigadeiro - dos utensílios e cursos até as encomendas, as lojas e a produção de conteúdo para redes sociais. "O brigadeiro mudou nossa vida e a de todos os nossos alunos", afirma.