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Maysa Polcri
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 14:14
A notícia de que o Itaú demitiu cerca de 1 mil funcionários que trabalhavam em regime remoto ou híbrido pegou os profissionais de surpresa. Os desligamentos foram justificados, segundo o banco, pela baixa produtividade no home office. A demissão em massa deixou bancários de todo o país em alerta. O clima é de indignação e receio, já que os funcionários não receberam advertências antes de serem demitidos. >
Os desligamentos desta semana aconteceram sobretudo no estado de São Paulo, mas a demissão em massa repercutiu em todo o Brasil. Na Bahia, a maioria dos bancários trabalha em regime presencial. Os funcionários em esquema home office estão ligados à área de investimentos do Itaú, de acordo com Luciana Dória, diretora da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe. Mesmo assim, o momento é de tensão. >
"As nossas negociações e acordos são nacionais, então, quando um sindicato é afetado, todos são atingidos. Existe uma parcela considerável dos funcionários do banco, que trabalha em home office, que ficou amedrontada com as demissões", afirma Luciana Dória. Na terça-feira (9), a Comissão de Organização dos Empregados (COE) se reuniu com o banco e solicitou a revisão das dispensas. A empresa aceitou apenas avaliar o caso das pessoas adoecidas.>
A diretora da Federação dos Bancários da Bahia ressalta que as demissões não foram comunicadas ao sindicato, o que vai de encontro ao entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema. "O STF, no Tema 638 de repercussão geral, estabelece a necessidade de participação sindical em casos de demissões em massa. Dessa forma, ao não manter qualquer diálogo com o movimento sindical bancário, a postura do Itaú revelou-se arbitrária e desrespeitosa à essa decisão constitucional", diz Luciana Dória. >
O Itaú nega que tenha demitido em massa. “O Itaú Unibanco realizou hoje (segunda, 8) desligamentos decorrentes de uma revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada", informou a empresa. O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região afirma que cerca de 1 mil empregados foram demitidos, especialmente nos polos do Centro Tecnológico (CT), EIC e Faria Lima, na cidade de São Paulo. >
O monitoramento do trabalho realizado pelos funcionários de suas casas é legal, desde que sejam utilizadas medidas transparentes. O controle da jornada de trabalho, por exemplo, pode ser feito através de ponto eletrônico. Para Luciana Dória, a questão da "produtividade" não é bem definida.>
"Não houve qualquer tipo de advertência antes das demissões, o que provoca indignação entre os funcionários. O banco foi questionado sobre isso, e estamos aguardando mais esclarecimentos", afirma a diretora. A reportagem questinou o sindicato sobre o número de funcionários do Itaú que trabalham em home office na Bahia e aguarda retorno. >
Em julho deste ano, funcionários do banco Itaú em Salvador realizaram protestos contra o fechamento de três agências na capital baiana, localizadas nos bairros de Brotas, Cabula e Imbuí. Cerca de 73 mil correntistas precisaram ser transferidos por conta do encerramento das atividades das unidades. Só neste ano, o banco encerrou as atividades de 130 agências no país. Assim como outros que promovem fechamentos de unidades, o Itaú justifica a ação pelo aumento de serviços bancários feitos por canais digitais. >
Fechamento de agências na Bahia