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Carol Neves
Publicado em 22 de novembro de 2025 às 10:04
A prisão de Jair Bolsonaro, ocorrida por volta das 6h deste sábado (22), foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes após a Polícia Federal (PF) apontar risco à ordem pública. O motivo central: a divulgação, na sexta-feira, de um vídeo em que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) conclamava apoiadores a se mobilizar diante do condomínio onde o ex-presidente cumpre medida cautelar em uma vigília.>
A gravação feita por Flávio incentivava militantes a ocupar a área em frente à casa do pai. “Com a sua força, a força do povo, a gente vai reagir e resgatar o Brasil desse cativeiro que ele se encontra hoje”, declarou o senador. Em outro trecho, acrescentou: “Vamos pedir a Deus que aplique a sua justiça aos que perseguem tanta gente inocente e ajudam os verdadeiros bandidos a se manterem no poder. Não tem mal que dure para sempre”.>
Bolsonaro e seus filhos
A manifestação circulou rapidamente nas redes sociais, e a Polícia Federal, ainda na sexta, solicitou a prisão para evitar novos atos que pudessem comprometer o cumprimento das medidas impostas pelo STF.>
Moraes fundamentou sua decisão alertando que a mobilização convocada por Flávio Bolsonaro “tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga” do ex-presidente.>
Além disso, no despacho, o ministro estabeleceu novas restrições: determinou que uma audiência de custódia por videoconferência aconteça já no domingo na Superintendência da PF no Distrito Federal, prevê atendimento médico integral a Bolsonaro, e exige que todas as visitas sejam previamente autorizadas pelo STF - excetuando-se apenas advogados e equipe médica. Ele também mencionou como precedente uma fuga de outro condenado (Alexandre Rodrigues Ramagem), que se evadiu para Miami, para reforçar a “possibilidade de tentativa de fuga” de Bolsonaro.>
Por fim, Moraes reforça que a presença de apoiadores nas proximidades do condomínio do ex-presidente, especialmente em manifestação convocada pelo próprio filho, não é apenas um risco simbólico: na visão dele, representa um “modo de operar” típico de organizações criminosas - usar manifestações populares para assegurar vantagens pessoais e fraudar a aplicação da lei. >
Também ontem, Bolsonaro apareceu usando tornozeleira eletrônica na garagem de casa e acenou para apoiadores durante visita do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), cenário que reforçou a movimentação de simpatizantes na região e acendeu o alerta das autoridades.>