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Carol Neves
Publicado em 13 de novembro de 2025 às 10:02
Dezessete anos após a morte de Eloá Pimentel, assassinada pelo ex-namorado Lindemberg Alves em 2008, a mãe da adolescente, Ana Cristina Pimentel da Silva, abriu o coração sobre a dor que marcou sua vida e a de seus filhos. >
O caso aconteceu em Santo André (SP), quando Eloá tinha 15 anos. Ela foi feita refém junto com a amiga Nayara Rodrigues, também de 15 anos, e dois outros adolescentes, Iago e Victor Lopes de Campos. Durante mais de 100 horas de sequestro, acompanhado ao vivo por várias emissoras de TV, Lindemberg chegou a conceder entrevistas enquanto mantinha os reféns.>
A tragédia terminou quando a polícia invadiu o apartamento após ouvir um barulho que acreditavam ser um tiro. Lindemberg atirou contra Nayara, que sobreviveu, e disparou duas vezes contra Eloá, que não resistiu.>
Família de Eloá Pimentel
O desespero da mãe>
No documentário sobre a história de Eloá, que estreou essa semana na Netflix, Ana Cristina relembra o momento em que soube que a filha havia levado dois tiros na cabeça. >
“Aí juntou os médicos e um dos médicos falou assim: ‘o que eu pude fazer, eu fiz, agora só Deus porque ela levou tiro na cabeça. E o que a gente tinha que fazer, a gente já fez’. Aí eu… eu desabei. Porque até então eu não sabia que ela tinha levado tiro na cabeça.”>
Ela também descreve o encontro com a filha no hospital, já em coma. “Disseram que ela tava em coma. Aí me levaram pra onde ela tava, eu passei mal. Eu falei: ‘filha, a mãe tá aqui’. Aí eu passei mal. Me tiraram de dentro da sala.”>
Ela também revela o momento em que precisou se apoiar nos outros filhos para seguir em frente. “Eu fiquei sem chão, eu não sabia o que fazer. Eu queria morrer na hora. Mas aí meus dois filhos se abraçaram comigo, o Ronickson e o Douglas, e aí eu vi que eu tinha mais dois filhos.”>
Hoje, Ana Cristina leva uma vida discreta e dedicada à família, com os dois filhos e netos, morando em São Paulo. >
O documentário e o desabafo dos irmãos>
O filme que revive o caso reúne os depoimentos da família. O irmão mais velho, Ronickson Pimentel, hoje policial, destacou que espera que o projeto ajude a manter a memória da irmã. “Para que o nome de Eloá permaneça como símbolo de inocência, e o do criminoso como lembrança da covardia. Sem idolatria de bandido.”>
O irmão mais novo, Douglas, também compartilhou a culpa que sentiu por ter apresentado Lindemberg à irmã. “Eu sentia como se a culpa daquilo tudo fosse minha. Então, eu não sabia muito o que falar ali pra ela (a mãe). Eu só me culpava o tempo todo.”>
Douglas lembrou ainda o desprezo do assassino no julgamento. “Ele passou por mim e deu risada na cara de todo mundo! Ele não se arrependeu não.”>
O crime que marcou o Brasil>
O sequestro e assassinato de Eloá, em outubro de 2008, chocou o país e mobilizou a imprensa. Lindemberg Alves foi condenado inicialmente a 98 anos de prisão, mas teve a pena reduzida para 39 anos, cumprindo atualmente regime semiaberto.>
O documentário mostra, ainda, um momento simbólico da família: pais e irmãos realizam um dos sonhos de Eloá, escrever no diário que queria ir à praia.>