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Mal silencioso: entenda a doença que causou a morte de jovem durante simulado de vestibular

Gabriela Godói de Oliveira tinha 18 anos

  • Foto do(a) author(a) Monique Lobo
  • Monique Lobo

Publicado em 25 de novembro de 2025 às 05:00

Gabriela Godói de Oliveira, de 18 anos
Gabriela Godói de Oliveira Crédito: Reprodução

O caso da jovem Gabriela Godói de Oliveira, de 18 anos, que morreu após passar mal enquanto realizava um simulado de vestibular na escola, na última quarta-feira (19), acende um alerta para uma doença silenciosa: o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Gabriela era aluna do 3º ano do Ensino Médio no Colégio Pessoa, na cidade de Franca, interior de São Paulo. Ela chegou a ser atendida às pressas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu.

A doença, que era comumente ligada às pessoas de mais idade, está se tornando mais presente entre os jovens. É o que afirma o neurologista e coordenador da UTI Neurológica do Hospital Mater Dei Salvador, Dr. Jamary Oliveira: "A gente tem observado um aumento do número de casos de AVC em pacientes mais jovens".

Segundo ele, essa mudança no perfil dos pacientes é um resultado de vários fatores. "A exposição a drogas lícitas e ilícitas. O tabaco, os vapes, que são os cigarros eletrônicos, estão sendo mais comumente consumidos na população jovem. E as drogas ilícitas também como cocaína, heroína, etc., que também aumentam a chance do indivíduo ter AVC", revela.

Fator emocional

O neurologista destaca também a obesidade e negligência com a assistência médica como fatores importantes nesta faixa etária. "Tem a epidemia de obesidade que tem acometido muitos pacientes, jovens com os maus hábitos alimentares. E aquela sensação do jovem de ser invencível, de que nunca vai acontecer com ele. Tipicamente, o jovem não procura assistência médica, não faz prevenção, não usa medicação com mais frequência do que o paciente idoso, que é mais resiliente quanto às ocorrências de saúde que vão acontecendo com o passar da idade", diz.

O médico também aponta que o AVC pode ser provocado por gatilhos emocionais, principalmente em situações de estresse. "Você pode desenvolver. Existe alguma predisposição genética a ter essa repercussão. E algumas pessoas, claro, com antecedentes de doenças psiquiátricas prévias, elas também têm uma predisposição maior de ter essa ocorrência", fala.

Tem ainda a hipertensão, a diabetes, o colesterol elevado, a dislipidemia, o tabagismo e o sedentarismo como exemplos de fatores que podem contribuir para uma ocorrência de AVC.

O que é AVC?

O acidente vascular cerebral é uma doença que ocorre quando os vasos sanguíneos ficam obstruídos ou se rompem. "Tanto em uma situação quanto em outra, como os vasos sanguíneos são responsáveis por levar sangue, nutrientes e oxigênio para algumas áreas do cérebro, quando falta essa irrigação do cérebro, você tem sintomas de disfunção de uma parte do cérebro", acrescenta Dr. Jamary Oliveira.

Por isso, a pessoa que sofre um AVC perde os movimentos de uma parte do corpo, deixa de sentir uma parte do corpo, ou perde parte da visão. "Acontece pela perda desse suprimento sanguíneo", completa o médico.

Quando o acidente vascular é causado pela obstrução do vaso sanguíneo, ele é chamado isquêmico. Já quando há o rompimento do vaso, é chamado de hemorrágico.

Mal silencioso

Por ter tantas origens e muitas delas nem sempre diagnosticadas, o acidente vascular cerebral se torna uma bomba relógio. "Por conta dessa ocorrência ser de forma súbita, os sintomas acontecem de uma hora para a outra", explica o neurologista.

Os pacientes que não procuram o médico regularmente são os que mais sofrem com a doença. "Assim, nunca detectam que tem hipertensão, diabetes, dislipidemia, doenças silenciosas que você só vai saber se for no médico regularmente. Então, essa é a primeira característica do indivíduo que pode sofrer um AVC", revela.

Mas, não adianta ir ao médico e ignorar o diagnóstico. Tão ruim quanto aqueles que abdicam da assistência médica são aqueles que ignoram os sintomas. "Os que não se cuidam, no sentido de controlar coisas que são mais aparentes, também aumentam o risco do segundo, do terceiro AVC", atesta o profissional.

Prevenção

A prevenção é a maior arma contra a doença. Segundo o Dr. Jamary Oliveira, cuidar dos fatores que podem causar o acidente vascular é o primeiro passo. "Combater a obesidade, a hipertensão, diabetes, se alimentar melhor, fazer atividade física, evitar fumar", lista. Ele ainda acrescenta que essas práticas em conjunto podem reduzir o risco da ocorrência do primeiro AVC em 90%.

Há também medicamentos para minimizar o impacto do AVC e reduzir a chance de sequelas e mortalidade. "A gente fala que o AVC é uma doença 'tempo-dependente'. Então, quanto mais cedo a pessoa é levada para uma assistência médica especializada, mais chances ela vai ter de uma recuperação plena e de retornar às suas atividades plenas. Já tivemos vários pacientes jovens, como essa estudante, que tiveram AVC e recuperaram plenamente a sua capacidade de voltar a trabalhar, estudar e ter uma vida produtiva após o evento", finaliza.

Tags:

Doença Sangue Saúde Jovens Avc