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Bruno Wendel
Publicado em 15 de abril de 2025 às 16:02
Os policiais militares que atuam nos pelotões da PM de Salvador e Região Metropolitana, responsáveis pelo enfrentamento direto às facções, não usam câmera nos uniformes. O equipamento é obrigatório para as equipes que fazem o policiamento do dia a dia. "Por que atendem entre 80 a 90% das ocorrências", declara o comandante da 23ª Companhia Independente (Tancredo Neves), tenente-coronel Luciano Jorge. O Pelotão Tático (Peto) da unidade foi responsável pela ação que resultou na morte da universitária Luiza Silva dos Santos, 19 anos, baleada na barriga no último domingo, no bairro da Engomadeira. >
Segundo o comandante, as câmeras estão nos uniformes dos policiais que estão em ações diretamente "ligadas à sociedade". "São blitzes, ocorrências de poluição sonora, violência contra a mulher, vias de fato (brigas). O policiamento ordinário é responsável pelo atendimento das ocorrências do 190, amplitude maior de atendimento", explica o comandante. >
De acordo com ele, a Peto, por ser um grupo com uma demanda menor, é acionada em ações específicas, por isso não há emprego das câmaras. "É destinada ao emprego tático, são as operações", explica. Em relação ao episódio que levou à morte da estudante, Luciano Jorge disse que, logo após a vítima ter sido baleada, uma viatura da Peto foi acionada para o local. "Não é todos os dias que temos [Peto], mas os policiais foram para dar apoio na situação", conta.>
Questionado quanto ao número de câmeras destinadas à 23ª CIPM, e como é a sua distribuição para a tropa, o tenente-coronel disse que "não tenho como informar no momento". Ainda de acordo com ele, a decisão dos equipamentos derem ser destinados aos PMs que fazem o policiamento ordinário é do Comando-geral. >
Mas alguns policiais resistem a serem monitorados. Nos bastidores, admite-se que o motivo da Peto não usar as câmeras nos uniformes é outro. "Foi a forma encontrada para a Peto 'trabalhar'. São estes policiais que vão nas bocadas, que fecham o cerco contra o tráfico. Se monitorados, não atuam e a unidade não rende", conta uma outra fonte da Polícia Militar. >