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Agência Correio
Publicado em 22 de outubro de 2025 às 05:30
Muito antes dos egípcios dominarem a arte de embalsamar, povos do Sudeste Asiático já utilizavam técnicas surpreendentes de preservação dos mortos. Pesquisadores encontraram evidências de múmias com cerca de 12 mil anos, ou seja, 7 mil anos antes das primeiras do Egito. >
Múmias mais antigas não são do Egito
O estudo mostra que comunidades de caçadores-coletores adotavam um ritual de defumação, expondo os corpos à fumaça de fogueiras por meses. >
Esse método rudimentar, mas eficiente, não apenas preservava ossos e pele, como também reforça a importância cultural da memória dos mortos para esses povos.>
Segundo o estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, os corpos eram amarrados em posição de agachamento e expostos à fumaça de fogueiras de baixa temperatura. Esse processo desidratava lentamente a pele e impedia a decomposição. >
A prática, conhecida como mumificação por defumação, também já foi identificada em comunidades indígenas australianas e em povos da Nova Guiné, mostrando que a técnica se espalhou por diferentes regiões e culturas.>
A defumação funcionava porque a fumaça da madeira contém compostos químicos capazes de proteger os restos mortais. Aldeídos agiam como bactericidas, fenóis como antioxidantes e ácidos orgânicos como conservantes naturais. Além disso, o calor ajudava a retirar a umidade, criando uma camada protetora contra a decomposição. >
Mais do que um recurso prático, a técnica pode estar ligada a crenças ancestrais. Para Hsiao-chun Hung, pesquisadora da Universidade Nacional Australiana e líder do estudo, “essas práticas podem ter raízes ainda mais antigas, ligadas às migrações humanas a partir da África há cerca de 60 mil anos”. >
A descoberta também amplia o olhar sobre diferentes tradições de mumificação no mundo. Enquanto o povo Chinchorro, no Chile, adotava o embalsamamento há 7 mil anos, os egípcios começaram a usar resinas e substâncias químicas por volta de 6.300 anos atrás.>