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Fernanda Varela
Publicado em 4 de novembro de 2025 às 10:00
Na madrugada de 31 de outubro de 2002, o engenheiro Manfred Albert von Richthofen e a psiquiatra Marísia von Richthofen foram assassinados a golpes de barra de ferro enquanto dormiam, na casa da família, no bairro do Brooklin, zona sul de São Paulo. O crime foi planejado e executado pela filha mais velha do casal, Suzane von Richthofen, então com 18 anos, com a ajuda do namorado, Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Cristian.>
Suzane e Andreas von Richthofen
As investigações revelaram que o assassinato foi motivado pela desaprovação do relacionamento de Suzane com Daniel e também pelo desejo de acessar a herança dos pais. Para despistar a polícia, o trio tentou simular um latrocínio, mas as contradições nos depoimentos e o comportamento da jovem levaram os investigadores à verdade.>
Uma semana após o crime, Cristian confessou sua participação, seguido por Daniel e Suzane. O filho mais novo do casal, Andreas, que tinha 15 anos na época, não teve qualquer envolvimento.>
O julgamento aconteceu quatro anos depois, em julho de 2006, após uma série de remarcações. Durante cinco dias, o tribunal ouviu depoimentos de testemunhas, advogados e peritos. O caso se tornou símbolo de um dos julgamentos mais acompanhados da história do país.>
Veja como está Suzane von Richthofen hoje
Durante o processo, as versões se chocaram. A defesa de Suzane afirmou que ela havia sido manipulada por Daniel, enquanto os irmãos Cravinhos alegaram que o crime foi planejado pela jovem, e que Daniel agiu por amor. No primeiro interrogatório, Cristian tentou se isentar da execução, dizendo que havia ficado paralisado durante o crime, mas voltou atrás e confessou ter matado Marísia. Daniel admitiu ter sido o autor dos golpes que mataram Manfred.>
Andreas von Richthofen, então com 19 anos, também prestou depoimento. Ele chamou a irmã de calculista e manipuladora, disse nunca tê-la perdoado e contou que chegou a ser chantageado por ela em conversas sobre a herança.>
Suzane manteve a versão de que era dominada por Daniel e usou drogas sob sua influência. Alegou que o namorado a convenceu de que a vida seria melhor sem os pais. Disse que no dia do crime estava sob efeito de maconha e que apenas obedeceu às ordens dele.>
Irmãos Cravinhos e Suzane von Richthofen
Em 22 de julho de 2006, Suzane e Daniel foram condenados a 39 anos e seis meses de prisão, enquanto Cristian recebeu pena de 38 anos e seis meses. Nenhum dos três pegou a pena máxima solicitada pela promotoria.>
Ao longo dos anos, o caso seguiu repercutindo. Filmes, livros e documentários foram lançados, entre eles as produções “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais”, da Amazon Prime Video, que reconstroem a história sob diferentes pontos de vista: o de Suzane e o de Daniel. >
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Entre os fatos reais e as licenças dramáticas das produções, algumas diferenças chamam atenção. Suzane realmente se tornou evangélica na prisão, mas a ideia de que o crime foi planejado por meses ou que havia abuso por parte do pai nunca foi comprovada e foi negada pelo irmão Andreas. Já os casos extraconjugais de Manfred, citados nas investigações, são verdadeiros, enquanto as insinuações de infidelidade de Marísia foram ficção.>
Mais de 20 anos depois, o caso ainda mobiliza o interesse público. No último dia 31, foi lançada a série Tremembé, na mesma plataforma, que retrata a vida de Suzane, os irmãos Cravinhos e outros detentos dentro do presídio.>
Suzane deixou a prisão em janeiro de 2023, após obter o regime aberto, e hoje vive no interior paulista com o marido, o médico Felipe Zecchini Muniz, e o filho de quase 2 anos. Andreas, por sua vez, leva uma vida reclusa e continua dizendo que não perdoará a irmã.>