Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Felipe Sena
Publicado em 27 de julho de 2025 às 14:55
Preta Gil, que faleceu no último domingo (20) após luta contra um câncer, era conhecida como uma mulher bem sucedida e ter nascido em uma família rica. Além de cantora, a artista foi atriz, apresentadora e empresária, dona da Mynd, uma das maiores agências de influenciadores do Brasil. No entanto, passou por momentos financeiros difíceis, até admitir que, de fato, gostaria de fazer da música mais do que hobbie. >
Preta Gil
Preta estreou artisticamente na minissérie “Sex Appeal”, de 1993, mas optou por migrar para a publicidade por considerar a área uma opção mais segura, o que ela afirmou no jornal O Globo, em 2014.>
Com a ascensão financeira, a cantora desenvolveu compulsão por compras, principalmente sapatos, roupas e acessórios de moda. Em entrevista no Roda Viva, em 2024, a cantora pontuou características sérias sobre o assunto, mas levou o momento com humor e descontração.>
Ela disse que era chamada de “Pretinha de Beverly Hills”, por Regina Casé, considerada madrinha musical da artista. A atriz ainda se referia a Preta por um trocadilho engraçado envolvendo nomes de grifes francesas e italianas. “Preta, Prada, Gucci, Gil, às vezes Miu Miu”, disse Preta, fazendo os apresentadores do programa rirem.>
Preta Gil afirmou que na época das dívidas tinha por volta de 25 a 28 anos, e que o descontrole financeiro é “comum”, sobretudo com a ascensão. “Jovem, com dinheiro e sem educação financeira”, disse a artista.>
Preta, que disse na entrevista que ficou no “vermelho” no banco e com os “cartões de créditos estourados”, revelou ainda que teve que vender os bens para pagar as dívidas. “Porque eu sou uma mulher de palavra”, afirmou. Ela chegou ao ponto de gastar 30 mil dólares em um cartão de crédito e até perdeu um apartamento por conta das dívidas que acumulou.>
Por isso, a família de Preta Gil, suspendeu seus cheques, bloqueou seus cartões e artista passou a viver de mesadas. Isso aconteceu após uma intervenção da família e do terapeuta, com quem ela chorava ao falar da insatisfação com a vida profissional.>
A cantora salientou em entrevista a falta de educação financeira para as mulheres, ressaltando o machismo social, o que lutava contra em vida. “Nunca foi nos ensinado, os nossos pais não sentaram com a gente, e conversaram sobre educação financeira. Isso é conversado com os homens, mas com as mulheres não”. >
Preta também pontuou o sentimento de elevação de autoestima provocado pelo poder de compra. “Você também acha que ter bens materiais te elevam, de alguma forma. Não te elevam, não te projetam em lugar nenhum”, disse.>
A artista contou que o processo foi feito de forma gradual. “Você não deixa de ser consumista do dia pra noite, você vai colocando as coisas em seu devido lugar, você vai tirando na proporção, naquele momento onde eu fiquei consumista desenfreada, era uma ansiedade veroz minha de colocar para dentro uma coisa que eu não sabia o que era”. >
Ainda ressaltou a importância da psicanálise nesse processo. “Eu estava desequilibrada emocionalmente e eu coloquei na compulsão por coisas e na compulsão alimentar uma fragilidade minha, foi um escape que eu tive, mas mais uma vez a psicanálise me ajudou a me encontrar nesse lugar, eu me tratei e não digo que eu curei, porque isso está aqui o tempo todo”. Mesmo após o pagamento de dívidas e processo de tratamento, Preta, afirmou, que no mundo digital, é muito mais fácil em momentos de ócio, comprar de forma impulsiva.>