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Agência Correio
Publicado em 26 de outubro de 2025 às 06:00
Imagine tratar uma cárie sem ouvir o barulho do motorzinho, e sem sentir dor. Pesquisadores brasileiros estão bem perto de tornar isso realidade. >
Usando o superlaboratório Sirius, em Campinas (SP), cientistas desenvolvem uma solução capaz de eliminar as bactérias responsáveis pela cárie com nanopartículas de prata, 50 mil vezes mais finas que um fio de cabelo.>
Dentista - a solução para tratar dos dentes sem dor e sofrimento
O projeto é de uma startup formada por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), selecionada por um programa de aceleração do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).>
No Sirius, eles observam como as partículas agem sobre infecções dentárias para aperfeiçoar o produto.>
As nanopartículas entram na estrutura do dente, grudam nas bactérias e rompem suas membranas, bloqueando o funcionamento das células. Assim, o avanço da cárie é interrompido e forma-se uma barreira protetora.>
“Nós desenvolvemos uma formulação que possibilita tratar a cárie sem precisar usar broca, sem precisar de anestesia, de uma forma completamente indolor. Já testamos isso com grande eficiência em mais de 3 mil crianças”, afirma André Galembeck, pesquisador em nanotecnologia.>
“Realizamos três ensaios clínicos e os resultados são excelentes”, complementa, em entrevista ao g1.>
A solução vem sendo testada de forma experimental em um consultório odontológico em Campinas.>
Segundo a ortodontista Daniela Arruda, o produto tem uma precisão muito maior que o método tradicional:>
“Você vai removendo [com a broca], dificilmente você consegue ter uma precisão de remover só aquele tecido. Então você acaba tirando um pouquinho mais. Com esse produto, você usa apenas no local onde você quer que seja aplicado. A mancha branca estacionou. E onde tinha pequena lesão, não foi para frente, não evoluiu”, explica.>
Galembeck destaca que o tratamento também facilita o trabalho com crianças:>
“Você diminui o tempo da consulta, porque grande parte da consulta odontológica com a criança é o dentista tentando convencer a criança a abrir a boca, porque ela vai para lá com medo da maquininha. Se a gente não gosta da maquininha, você pensa na criança, né?”, completa.>
Os testes no Sirius ajudam a criar versões ainda mais seguras e preventivas do produto, o próximo passo é desenvolver uma fórmula que impeça a adesão de bactérias aos dentes.>
“Aqui na linha permite que eles tenham informações seguras para disponibilizar esse produto para a sociedade. Eles vão entender muito bem esse mecanismo de crescimento, o mecanismo de qualquer risco que possa fornecer para a sociedade. Estudar esse produto em diversas fases antes de soltar para a população deixa o projeto com mais confiança”, destaca Ohanna Costa, pesquisadora do CNPEM.>
Após a etapa em Campinas, a equipe deve retomar os trabalhos em Pernambuco e buscar junto à Anvisa a autorização para comercializar o produto.>