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Elis Freire
Publicado em 3 de junho de 2025 às 20:57
Denúncias feitas contra a Cacau Show nas redes sociais ganharam atenção pública após serem divulgadas pelo perfil “A Doce Amargura”, administrado por uma mulher que se apresenta sob o pseudônimo de Helena do Prado. Nos bastidores, porém, está Náira Celi Alvim, ex-servidora da Caixa Econômica Federal. Segundo o Portal Léo Dias, ela responde na Justiça por crimes de desvio de quase R$500 mil reais. >
De acordo com o portal, Náira foi condenada em primeira instância, em junho de 2024, a dois anos e seis meses de prisão por peculato — crime cometido por servidor que se vale do cargo para desviar recursos públicos. O caso envolve um desfalque de mais de R$ 470 mil na agência da Caixa em Vargem Grande do Sul, interior de São Paulo, em 2016. Ela deverá devolver o valor corrigido, estimado em R$ 750 mil.>
Na época, Náira exercia a função de tesoureira e era a única responsável pelo abastecimento dos caixas eletrônicos. Os desvios foram identificados em ao menos seis datas diferentes, todas durante seu expediente. O fato de as movimentações cessarem durante o período em que estava de férias reforçou a suspeita do Ministério Público Federal, responsável pela denúncia.>
Relatos de colegas ouvidos pela Polícia Federal apontam que Náira costumava chegar ao trabalho com bolsas de grande volume sem justificativa clara. Em complemento, análises das câmeras de segurança mostraram que ela as escondia em áreas fora do alcance das filmagens, facilitando o transporte das cédulas.>
Com o dinheiro, ela teria financiado viagens internacionais com o marido e a filha. Em uma das ocasiões, pagou mais de R$ 3 mil em espécie a uma companhia aérea, despesa considerada incompatível com seu padrão de vida.>
Apesar da condenação já ter sido emitida em primeira instância, o caso ainda aguarda julgamento em segunda instância após recurso apresentado pela defesa de Náira. >
O caso que vem sendo chamado de “seita da Cacau Show” surgiu com o relato de os funcionários eram obrigados a participar de cerimônias em salas iluminadas por velas, vestidos de branco e descalços, enquanto o CEO entoava cantos. Os rituais incluiriam até a realização de tatuagens iguais às de Alê Costa, com a palavra “atitude”.>
Além dos supostos rituais, ex-colaboradores relatam episódios de assédio moral, gordofobia e homofobia. Já aqueles que se recusavam a participar das práticas místicas relataram sofrer perseguições internas e retaliações.>
A denúncia formal apresentada ao Ministério Público do Trabalho (MPT) aponta ainda outras situações abusivas “com humilhações públicas e discriminação estética que afetam a autoestima e saúde mental das vítimas”; homofobia, “com relatos de perseguição e piadas ofensivas direcionadas a pessoas LGBTQIA+”; e assédio moral e sexual, promovido por superiores hierárquicos e, em muitos casos, ignorado ou acobertado pela direção da empresa”.>
As acusações foram publicadas no perfil anônimo "Doce Amargura", no Instagram, e encaminhadas ao Ministério Público do Trabalho. “A maioria das vítimas tem medo de denunciar e sofre em silêncio, pois a franqueadora tem mão de ferro, e gosta de perseguir e retaliar não apenas franqueados, como funcionários e ex-funcionários que ousem falar sobre os abusos”, diz o documento.>
Cacau Show