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Água perdida diariamente na Bahia equivale a quase 400 piscinas olímpicas

Quase metade do volume distribuído se perde antes de chegar às casas dos baianos

  • Foto do(a) author(a) Maria Raquel Brito
  • Maria Raquel Brito

Publicado em 25 de novembro de 2025 às 05:00

Volume perdido diariamente na Bahia equivale a 389 piscinas olímpicas
Volume perdido diariamente na Bahia equivale a 389 piscinas olímpicas Crédito: Shutterstock

A Bahia perde diariamente uma quantidade de água potável que equivale a 389 piscinas olímpicas ou mais de um milhão de caixas d'água. São 972,5 milhões de litros de água desperdiçados ou desviados por dia no estado, o que o coloca no quinto lugar entre os que mais perdem.

Os dados são do Estudo de Perdas de Água 2025, feito pelo Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA) com dados referentes a 2023 e divulgado nesta segunda-feira (24).

Em todo o Brasil, o volume total de água não faturada em 2023,foi de aproximadamente 5,8 bilhões de m³, equivalente ao desperdício diário de 6.346 piscinas olímpicas de água tratada por Shutterstock

A pesquisa mostra que 42,2% da água potável que deveria chegar aos reservatórios da população do estado não completa esse caminho – ou seja, da quantidade de água que sai das estações de tratamento na Bahia, menos de 60% realmente chega para os baianos. O número está acima da média nacional de desperdício, que é de 40,31%.

“Existem dois tipos de perdas: as físicas ou reais, que são as perdas de fato pelo desperdício perdas de água, como vazamento, rompimento de adutora e rompimento de tubulações, e tem as perdas comerciais ou aparentes, que são perdas de uma água que já é tratada, mas não foi faturada. Entram aqui as perdas por roubo, por furto… o famoso gato”, explica Jonatas Sodré, engenheiro sanitarista e integrante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA).

Entre os motivos que fazem com que a perda na Bahia seja tão alta, o especialista enumera fatores como a dimensão do estado, a idade e complexidade do sistema de abastecimento de água e a desigualdade hídrica.

“Porque você não tem mananciais com quantidade e qualidade de água em todo o estado. Então, muitas vezes, nós temos que fazer sistemas integrados de abastecimento de água e esses sistemas integrados de abastecimento de água são sistemas que, por exemplo, captam água numa cidade e percorrem até 200 quilômetros para abastecer outra. Nossas redes são antigas, então a gente pode ter falhas na tubulação, falhas de medição dos macromedidores, dos macromedidores e dos hidrômetros, e pressão inadequada da rede, por exemplo”, diz.

Reduzir para reverter

Essa perda expressiva, sobretudo num contexto de crescentes desafios climáticos como secas e ondas de calor, traz consequências palpáveis para o ambiente e, consequentemente, para a sociedade. É o que explica Luana Pretto, presidente executiva do Instituto Trata Brasil.

“A gente precisa cada vez mais entender que [com a mudança climática] começa a haver um desequilíbrio entre oferta e demanda de água e que a ação de redução de perdas é uma das ações para que possamos garantir água na quantidade e na qualidade necessária para as futuras gerações”, afirma.

Para contornar o cenário de perdas, a Portaria 490/2021 prevê que haja até 2032 uma redução de aproximadamente 15% nas perdas de água, da atual porcentagem nacional de 40,31% para 25%. De acordo com a portaria, o volume economizado seria da ordem de 1,9 bilhão de metros cúbicos, o equivalente ao consumo médio de cerca de 31 milhões de brasileiros em um ano – 92% da quantidade de habitantes sem acesso ao abastecimento de água em 2023. Na Bahia, a redução do desperdício seria suficiente para atender 2.698.074 baianos.

“A gente precisa planejar essa redução de perdas. Ter o correto mapeamento do sistema de distribuição de água, fazer a setorização desse sistema, entendendo em qual local está vazando mais ou menos, fazer a modernização desse sistema com trocas de rede, com instalação de válvulas redutoras de pressão, de sensores de vazão e de pressão para poder identificar onde estão esses vazamentos ocultos, buscar maior celeridade no conserto dos vazamentos… Enfim, usar a tecnologia a favor para que se possa ser mais célere neste conserto de vazamentos e também na identificação dos furtos de água de uma maneira geral”, diz a especialista.

Ela reforça que, quando o assunto se perde um volume tão grande de água, existe todo um custo envolvido, uma vez que o recurso chega a ser tratado, ou seja, passou pelo processo de utilização de produtos químicos e de energia elétrica gasta para o bombeamento dessa água, por exemplo. “Há um custo envolvido nisso, que acaba indo para a tarifa. Então é uma ineficiência que vai para a tarifa do cidadão.”

Procurada, a Embasa ressaltou que, no caso das perdas comerciais, não se trata de “desperdício” de água, mas de consumo não contabilizado e que “nesses casos, a água abastece residências e atividades cotidianas, porém não é registrada e, portanto, não é remunerada à empresa”.

“Em Salvador, uma parte significativa do índice de perdas decorre justamente das perdas comerciais, especialmente devido a fraudes e ligações clandestinas. Além de gerar consumo sem registro, essas intervenções irregulares na rede podem provocar vazamentos, contribuindo indiretamente para o aumento das perdas reais”, disse a empresa, em nota.

Para reduzir as perdas reais e comerciais, a Embasa afirmou agir através de um conjunto de investimentos e medidas permanentes. Disse ainda que a comparação em termos absolutos (número de piscinas olímpicas) não permite a comparação entre índices de perdas em sistemas de dimensões diferentes. “Por isso, a Norma de Referência nº 09/2024 da Resolução da ANA nº 211/2024, estabelece o indicador de perdas por ligação (IPL) para avaliação da prestação dos serviços públicos de abastecimento de água. Nesse critério, a Embasa se encontra em patamar similar às maiores companhias de saneamento do país, conforme dados do SINISA 2023, com índice de 278,58 litros por ligação, já próximo à meta estabelecida de 216 litros por ligação até 2033”, finaliza.

*Com colaboração de Maysa Polcri.