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Número de baianos que trabalham em veículos cresce quase 50% na Bahia em dez anos

Total de trabalhadores que usam veículos como local de trabalho subiu para 250 mil, aponta IBGE

  • Foto do(a) author(a) Maria Raquel Brito
  • Maria Raquel Brito

Publicado em 21 de novembro de 2025 às 06:00

Motorista por aplicativo
Motorista por aplicativo Crédito: Shutterstock

O número de pessoas que trabalham em veículos cresceu quase 50% na Bahia em dez anos. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou que 250 mil pessoas tinham um veículo como local de trabalho em 2024 – um avanço considerável em relação a 2014, quando eram 168 mil.

O índice representa 5% dos baianos empregados no estado. No número, estão inclusos todos os tipos de motorista: caminhoneiros, motoristas de ônibus, de vans, táxis e aqueles que trabalham por aplicativos.

Motoristas por aplicativo são parte significativa entre as pessoas que trabalham em veículos por Shutterstock

Um deles é George Santos, de 34 anos. Formado em psicologia, ele trabalha como motorista por aplicativo há cinco anos. Começou ainda durante a graduação, vendo nos aplicativos uma oportunidade de conseguir ganhar um pouco mais. Desde que se formou, concilia as duas profissões, sendo o trabalho como terapeuta sua principal fonte de renda e o aplicativo uma renda extra. “Normalmente vou dirigir pela cidade toda e, às vezes, na região metropolitana. Aos finais de semana tem se tornado uma meta rodar, devido a demanda na cidade”, conta.

De acordo com Mariana Viveiros, supervisora de Disseminação de Informações do IBGE, os números mostram como o transporte, principalmente de passageiros, vem se tornando uma alternativa de trabalho para muita gente.

“Embora 5% não seja um número enorme, mostra uma tendência de alta dessa população que está vendo no carro, no seu próprio veículo ou no veículo de alguém, uma alternativa de trabalho em renda. Com certeza aí tem influência dos motoristas para o aplicativo. É um trabalhador autônomo, é um trabalhador que enfrenta seus desafios em termos de questões trabalhistas, de direitos, de sustentabilidade dessa profissão, mas de alguma forma vem se mostrando como uma alternativa para um número crescente de pessoas”.

Essa é a realidade para Atan Gama. Atualmente com 32 anos, ele trabalha como motorista por aplicativo desde os 24. Antes, trabalhava como cobrador do Subsistema de Transporte Especial Complementar (Stec), mas hoje se dedica integralmente ao transporte individual de passageiros.

Através do trabalho que exerce há oito anos, construiu uma comunidade considerável nas redes sociais. São 286 mil seguidores nas redes sociais e centenas de motoristas que usam o selo “Atan Uber”. A estrada tem sido frutífera, mas não é isenta de desafios. Um deles foi um assalto do qual foi vítima em 2020. Depois disso, traumatizado, adotou técnicas de segurança para rodar sem tantas preocupações.

“A situação que aconteceu comigo foi uma situação que aconteceria com qualquer um. Foi uma corrida de um bairro nobre para outro bairro nobre, de um passageiro super bem avaliado e pagamento no cartão”, diz.

Apesar de ter como destaque o ofício crescente dos motoristas por aplicativo, outras muitas profissões que envolvem veículos continuam em ascensão. Uma delas é a de rodoviário. Roque Messias, de 46 anos, se dedica a esse ofício há 16 anos. Faz o que gosta. Ultimamente, porém, a insegurança tem feito com que enfrente dilemas no que diz respeito à profissão. Um dos indicativos é a quantidade de interrupções de ônibus que aconteceram este ano por conta da violência: só entre janeiro e setembro, foram 73.

“A gente sai de casa sem a certeza que vai voltar e ver a família. A insegurança faz parte do dia-a-dia, com isso a gente vem cada dia mais adoecendo. A categoria que mais adoece no Brasil é a de rodoviários, só no mês de setembro perdemos mais de cinco colegas de morte repentinas”, diz.

Medidas oficiais

No último dia 11, foi sancionada pelo prefeito Bruno Reis a Lei nº 9.887/2025, que obriga todos os motoristas de aplicativos que atuam em Salvador a instalar câmeras de segurança dentro dos veículos e gravar as viagens realizadas na capital baiana.

Conforme a nova legislação, as câmeras deverão ser instaladas na parte frontal interna do carro, com ângulo que permita captar imagens de todo o interior do veículo. As gravações começarão automaticamente no início da corrida e serão encerradas ao final do trajeto. O objetivo, segundo o texto, é aumentar a segurança de passageiros e motoristas.

Uber por Shutterstock

Para George, a medida é motivo de tranquilidade. “Já houve vários casos de acusações que não foram reais. Um sistema de imagem e voz pode assegurar que todo o serviço foi feito adequadamente e seguro”, define.

Atan, porém, tem ressalvas. Segundo ele, não houve diálogo com os motoristas na concepção da lei. A preocupação principal dele é em relação ao valor que os trabalhadores terão que desembolsar com a nova medida, se precisarão pagar aluguel e se terão acesso às imagens. Outra inquietação é a insegurança.

“Existem muitos motoristas que trabalham na categoria UberX, que é a mais barata, e eles entram muito em favelas. Esse projeto obrigando ter câmeras vai fazer com que muitos motoristas que só rodam em comunidades coloquem sua vida em risco quando estiverem levando alguém que está apenas se locomovendo. Então, muitos motoristas questionaram isso também”, diz.