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Maria Raquel Brito
Publicado em 13 de novembro de 2025 às 06:30
Os soteropolitanos enfrentam um momento crítico em relação à chuva. Entre a noite de terça-feira (11) e a manhã de quarta (12), Salvador registrou acumulados de chuvas maiores que o esperado para todo o mês de novembro, e foram registradas ocorrências como um desabamento que deixou duas pessoas feridas em Fazenda Grande II. >
É para evitar ou amenizar casos como esse através de um monitoramento preciso que existe o radar meteorológico do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A realidade, porém, é outra: o equipamento está desligado há mais de um ano. >
Dia de chuva em Salvador
“É um absurdo nós não termos um equipamento tão importante para a cidade e para o estado da Bahia, que é o radar meteorológico. O Centro Nacional de Monitoramento tem essa missão de oferecer imagens e informações que garantam a segurança da população. A gente tem aqui os nossos equipamentos do Centro de Monitoramento, temos os meteorologistas, os oceanógrafos, estatísticos e os técnicos que fazem as análises baseadas nas imagens de satélite. Ajuda, mas que não tem a precisão, a segurança e a clareza que o radar nos ofereceria”, afirma Sosthenes Macedo, diretor geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal).>
O radar, que fica próximo ao Aeroporto de Salvador e é controlado pelo Governo Federal, foi desligado em setembro de 2024, de acordo com informações do Cemaden. No dia 7 de setembro daquele ano, os contratos referentes às manutenções preventivas, preditivas e corretivas das infraestruturas de apoio à operação dos nove radares meteorológicos do Cemaden foram encerrados, devido a restrições orçamentárias. >
Três dias depois, no dia 10, o radar apresentou problemas no sistema de ar-condicionado, “permanecendo fora de operação por questões de segurança e para preservação de eventuais danos ao equipamento”, conforme o Cemaden.>
Com o equipamento, seria possível, por exemplo, saber com mais clareza a intensidade das chuvas. De acordo com Sosthenes, a frente fria desta terça-feira já estava prevista, mas o equipamento teria permitido mais precisão na identificação do acumulado deste período, que foi de 128mm – 20mm acima do que estava previsto para todo o mês, segundo a estação de referência em Ondina.>
“Como a gente não tem o radar funcionando há mais de um ano, obviamente há algum tipo de perda de informação e na hora de fazer análise climática, há perda também do resultado. A precisão do satélite é menor, a do radar é infinitamente melhor”, defende Sosthenes. >
De acordo com o Cemaden, sua missão é “monitorar e, quando necessário, emitir alertas de riscos de deslizamentos e/ou enxurradas e inundações que possam impactar municípios considerados prioritários nas ações da União em gestão de risco e de desastres”. >
O órgão afirma que monitora ininterruptamente os municípios baianos através de informações vindas de fontes diversas: dados da rede observacional ambiental do Centro e de instituições parceiras, de descargas atmosféricas, previsões de chuvas providas por modelos meteorológicos, dados de chuvas estimadas a partir de satélites meteorológicos, entre outros.>
Ainda em nota, o Cemaden explicou que os radares meteorológicos são equipamentos que permitem estimar a distribuição espacial das chuvas, mas que não fornecem previsões com horizonte superior a duas horas. “Portanto, trata-se de ferramenta que provê informações que permitem detalhar os alertas providos pelo CEMADEN/MCTI, mas não estender o prazo da previsão de chuvas”, diz o texto.>
Eles ressaltam que o Cemaden provê diariamente previsões de risco geo-hidrológicos com 24 horas de antecedência, disponibilizadas no site do Centro e acessíveis para toda a sociedade. >
“Ademais, o município de Salvador é monitorado 24h/7dias da semana e, quando necessário, os alertas providos pelo Cemaden/MCTI são enviados para a Defesa Civil Nacional e para a Defesa Civil de Salvador, que pode se municiar dos alertas para as ações de preparação e resposta a desastres, inclusive acionando os planos de contingência, rotas de fugas e outras ações pertinentes de prevenção e preparação aos riscos de deslizamentos e/ou enxurradas e inundações.”>
O centro de monitoramento afirma ainda que a licitação para contratação da nova empresa responsável pela manutenção da infraestrutura dos radares está em andamento, em fase de análise das propostas. A previsão de início dos trabalhos é em dezembro de 2025.>
Só nesta quarta-feira (12), foram registradas 198 ocorrências na capital baiana devido às fortes chuvas. Os bairros mais afetados foram Pau da Lima (36 ocorrências), Cabula/Tancredo Neves (30) e Liberdade (29).>
No Barbalho, uma árvore de grande porte caiu na Rua Professor Artur Mendes de Aguiar e derrubou um poste. Outra árvore também caiu na Avenida Luís Eduardo Magalhães. Entre as notificações mais frequentes estão ameaças de desabamento (55 casos), deslizamentos de terra (32) e avaliações de área de risco (22). >
Casal ficou ferido após desabamento de casas em Fazenda Grande II
De acordo com o Climatempo, a situação é causada pela chegada de uma frente fria, que se formou no Sul do Brasil e vem avançando pelo Sudeste. O fenômeno está associado a um ciclone extratropical sobre o oceano, que já se afastou completamente para alto-mar. A frente fria, no entanto, continua ativa entre Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, mantendo essas regiões em alerta para chuvas intensas.>
Nos próximos dias, as condições devem melhorar, apesar do tempo continuar fechado. Conforme previsão da Codesal, a quinta-feira (13) será de céu parcialmente nublado com chuva, 40% de chance de precipitação e ventos moderados. Na sexta-feira (14), o céu estará claro a parcialmente nublado, com 10% de chance de precipitação e ventos também moderados. >