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Documentário sobre São Lázaro dá voz a moradores após conflito com Ufba

Feito pelos membros da comunidade, filme sobre a região mostrará histórias de moradores e de locais marcantes de São Lázaro; produção está na fase inicial

  • Foto do(a) author(a) Maria Raquel Brito
  • Maria Raquel Brito

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 21:50

Nesta quarta (12), têm início as gravações de um documentário que terá como foco a comunidade de São Lázaro
Documentário terá como foco a comunidade de São Lázaro Crédito: Maria Raquel Brito/CORREIO

A comunidade de São Lázaro produzirá um documentário sobre a história da região e de seus moradores. O filme começa a ser pensado após um período marcado por tensão para quem vive no bairro: a ameaça de serem despejados após uma ordem de reintegração de posse do terreno ser emitida pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), que detém aquele espaço.

A produção está na fase inicial, no desenvolvimento do roteiro. De acordo com Caroline Santos, de 27 anos, moradora da região, o filme será feito com a intenção de desmanchar a imagem negativa que vem sendo espalhada sobre a comunidade através do processo.

Justiça suspendeu reintegração de posse de terreno da Ufba em São Lázaro nesta terça (11) por Maria Raquel Brito/CORREIO

"A ideia principal, fundamental do documentário é contar a história de São Lázaro, descriminalizar a região e humanizar essas pessoas que estão sendo desumanizadas nesse processo. O foco principal é esse. E isso a gente vai trabalhar utilizando algumas ferramentas, como a contação de história de cada morador, de sua forma individual, de suas trajetórias, dos bares, da igreja de São Lázaro", diz.

O documentário será gravado por um grupo de pessoas pretas e periféricas formandas do projeto Cri.Ativos da Favela, que se solidarizaram com a causa de São Lázaro. Além disso, terá apoio de gravação, técnico e cultural, de equipes como o grupo de pesquisa GeografAR e o coletivo Em Cantos de São Lázaro.

“A gente vai contar a história da comunidade. A comunidade existe há muitos anos. Estamos falando de décadas das nossas vidas. Mas, antes disso, já existia morador. O santuário Santuário de São Lázaro e São Roque existe desde 1700. Em volta desse santuário sem dúvidas tinha moradias. Vamos falar da história e falar da luta”, afirma Caroline.

Depois de um mês de expectativa pela decisão que determinaria se os moradores teriam ou não que deixar suas casas, ela finalmente veio. A ordem de reintegração de posse do terreno da Ufba foi suspensa pela Justiça na tarde desta terça-feira (11), a dois dias do prazo final para a ordem de despejo ser cumprida. A suspensão vale por 180 dias, período em que a comissão formada por sete representantes da universidade e sete ocupantes da área deve negociar.

Entenda o caso

No dia 13 de outubro, viaturas de agentes da Polícia Federal, que acompanhavam uma oficial de justiça, entregaram a 14 famílias de São Lázaro um documento que exige a reintegração de posse do terreno que seria parte da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

“Eles deram 30 dias para a defesa da gente. Se a gente não fizer, vão vir aqui com as máquinas. Eles alegam que a invasão é de 2023 para cá, quando é uma inverdade. Só eu tenho 51 anos aqui e tem pessoas que são herdeiros de seus avós, com cerca de 70 anos que chegaram”, disse, na ocasião, o vendedor Luiz Fernando Souza, 67, que mora na localidade há 51 anos.

As 14 famílias ficam em uma área específica - como se fosse o fim de um quarteirão - às margens da Igreja de São Lázaro. Engloba um perímetro que, além de casas, tem bares tradicionais, inclusive os que promovem o Samba de São Lázaro há três anos. A área da igreja não é afetada pela decisão judicial.

“A gente recebeu essa bomba que ninguém esperava. Nunca notificaram a gente, nunca vieram aqui conversar, nem nada”, afirmou o morador Thiago da Silva, na época. Segundo Thiago, os policiais federais informaram que há um prazo de 30 dias para que a comunidade apresente uma defesa. Se não houvesse defesa, teriam que sair do local e poderiam ter que pagar até pelos custos dos equipamentos usados na demolição. A abordagem dos agentes durante a operação também foi criticada pelos moradores.