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Yan Inácio
Publicado em 28 de maio de 2025 às 18:38
Após mais de 50 dias de conversas, três rodadas de negociação mediadas pela Superintendência Regional do Trabalho e a deflagração de um estado de paralisação, os rodoviários decidiram desistir da greve de ônibus em Salvador. O cancelamento veio depois que a proposta oferecida pelo desembargador do Tribunal Regional da Bahia (TRT) foi aceita em reunião com representantes de empresas de transporte que durou cerca de 4 horas, nesta quarta-feira (28). >
O TRT informou ao CORREIO que entre as propostas aceitas pela categoria estão o reajuste salarial e do ticket alimentação em 5,32%, redução dos contratos de jornada parcial de 10% para 5% do contingente de trabalhadores, autorização para as permutas de folgas eventualmente solicitadas pelos empregados e licença sem remuneração nas hipóteses a serem especificadas pelas partes.>
As propostas discutidas na última reunião foram mantidas, assim como o plano de saúde nos termos anteriores. Também foi vedado o início das férias nas sextas-feiras, sábados e domingos. Além disso, foi proposta a criação de um grupo de trabalho com participação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e representação da Prefeitura de Salvador, para mediar discussões sobre a disponibilização de banheiros femininos em todos os terminais de ônibus, a questão do Relatório de Operação Veicular (ROV) e das escalas multilinhas.>
Jorge Castro, diretor do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Salvador (SETEPS), informou que as medidas foram aceitas formalmente pelas empresas de transporte. Já o TRT confirmou que os rodoviários também concordaram, dessa forma, os reajustes já passam a valer.>
Em nota, a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), afirmou que o cancelamento da greve é uma “importante vitória” e que o fato evitou as consequências na cidade. “Depois de diversas rodadas de conversas e negociações, rodoviários e empresários encontraram um caminho para um acordo. A Prefeitura prestou todo apoio na mediação das negociações, e estava certa de que os envolvidos chegariam a um consenso para evitar consequências mais graves para a cidade”, afirmou.>
Para Fabio Primo, presidente do Sindicato, o saldo da mobilização é positivo por conta da manutenção de direitos já estabelecidos. “A maior vitória dessa campanha salarial foi a não retirada do plano de saúde, como eles queriam, e a não retirada de um domingo nosso. E eles também queriam retornar o banco de horas, mas não na forma que um dia a categoria teve”, afirmou, após votação que encerrou a greve na sede do Sindicato. >
Ele também demonstrou alívio com a decisão da Assembleia. “A gente já poderia ter feito a greve, fizemos menos movimentos de rua, entendendo que a população sofre muito com isso, e graças a Deus, com a sabedoria dos homens, a gente conseguiu chegar ao denominador comum”, disse.>
Já Daniel Filho, diretor de comunicação do Sindicato, avaliou a discussão no TRT como “um bom combate” e contou que o oferecido agradou os sindicalizados. “Não foi o acordo dos nossos sonhos, mas foi algo que se nós fôssemos para a greve, era muito pior”, disse.>
“O objetivo dos empresários era meter a mão em um patrimônio mais importante que nós temos, que é a compensação real dos direitos inexoráveis, da questão do nosso domingo, meter a mão nos nossos planos de saúde, levar a gente para o SUS. Eu acho que não foi o percentual do nosso sonho, mas foi o que nós pudemos alcançar”, complementou. >