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Moradora espancada no Rio Vermelho e amiga relataram assédio de zelador

Funcionário de prédio agrediu moradora e incendiou o primeiro andar

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 19:30

Homem foi flagrado carregando gasolina utilizada no incêndio
Homem foi flagrado carregando gasolina utilizada no incêndio Crédito: Reprodução

Uma das pessoas que prestaram depoimento no caso de agressão em um prédio no Rio Vermelho, nesta quarta-feira (27), é a amiga da moradora que foi brutalmente espancada pelo zelador. Ela contou, em entrevista exclusiva à reportagem, que tanto ela como a mulher agredida eram assediadas por Osvaldo Conceição Ferreira, que está preso pelo crime. Além de bater na professora, o funcionário colocou fogo no primeiro andar do prédio e se jogou do edifício para tentar fugir. 

A mulher, que pediu para não ser identificada, é funcionária de um mercado localizado próximo ao prédio onde tudo aconteceu. Ela afirma que os episódios de importunação são constantes em seu ambiente de trabalho pelo zelador, que faria convites para sair e até toques indesejados. 

"Ele diz que eu sou muito linda, que deveria sorrir para ele e aceitar sair com ele, sempre passando a mão em mim. Todas as vezes eu sempre disse que ele deveria me respeitar", conta a funcionária que trabalha no estabelecimento há cerca de dois anos.

Ela afirma ainda que o homem, inclusive, iria ao local com o pretexto de buscar algum produto apenas para perturbá-la. A mulher ouvia relatos semelhantes da amiga - professora que foi agredida na manhã desta quarta-feira (27). Ela está internada em estado grave, em coma induzido, no Hospital Geral do Estado (HGE). 

Incêndio no condomínio Morro das Pedras por Arisson Marinho/CORREIO

Em janeiro do ano passado, a vítima registrou no livro de ocorrências do condomínio um episódio em que teria sido assediada pelo funcionário. Ela narra que o homem a chamou para tomar vinho, em um sábado à noite, através de um aplicativo de mensagens. Ela chegou a confrontar o homem pessoalmente para questioná-lo sobre o convite. No relato, a mulher pede que sejam tomadas providências uma vez que ela se sentiu incomodada pela abordagem.

"Gostaria que alguma providência fosse tomada, pois como funcionário do prédio, o 'seu' Osvaldo tem obrigação de manter o devido respeito aos moradores e não lhes causar nenhum tipo de importunação", escreveu a professora. De acordo com a amiga dela, a relação entre vítima e agressor começou de forma cordial. O zelador prestava serviços, como conserto de itens do apartamento da mulher. Quando ela viajava, ele era responsável por regar as plantas dela. 

A relação ficou estremecida depois que a mulher fez o registro oficial, no ano passado. "Ele começou a chamar ela para sair, tomar vinho, e ela sempre cortou. Até que chegou ao ponto de ela falar com a esposa dele que estava sendo assediada. Mesmo assim, ele continuava. Ela sofreu isso tudo porque disse 'não' [para as investidas do homem]. Ela não queria ter contato com ele de jeito nenhum", completa a amiga.

A reportagem encontrou a companheira de Osvaldo, mas ela não concedeu entrevista sobre o ocorrido. Ela, o zelador e o filho deles moram de favor no prédio desde a pandemia. 

Professora relata assédio em livro de ocorrências do condomínio por Reprodução

A professora e a funcionária do mercado viraram amigas a partir dos contatos frequentes no estabelecimento. A moradora do prédio ajudava a colega a estudar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com aulas de redação. "Ela é uma pessoa maravilhosa, tranquila, muito inteligente. Até agora, não caiu a ficha do que aconteceu", lamenta a amiga. 

Outros amigos da vítima estiveram na sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) na tarde desta quarta-feira (27). Entre eles, pessoas que frequentam o mesmo centro de umbanda que a vítima visita há quatro anos, no bairro de Luis Anselmo. "Ela é uma pessoa maravilhosa, mas muito reservada. Não tinha problemas com ninguém. Recentemente, ela disse que estava muito feliz, envolvida em um novo projeto de trabalho", afirma Raimundo de Xangô, líder do centro. Além de dar aulas de redação em casa, a professora escreve poesias e tem um livro publicado.

Entenda o caso 

O zelador suspeito de atear fogo em um edifício no Rio Vermelho, em Salvador, espancou uma moradora do prédio na madrugada desta quarta-feira (27). A vítima de 48 anos foi violentamente agredida e está internada inconsciente no Hospital Geral do Estado (HGE).A ocorrência foi registrada como tentativa de feminicídio. O agressor, que se jogou do primeiro andar do prédio, recebeu voz de prisão e está custodiado na unidade de saúde.

Zelador foi filmado carregando a gasolina utilizada no incêndio
Zelador foi filmado carregando a gasolina utilizada no incêndio Crédito: Reprodução

A delegada Zaira Pimentel, responsável pelo caso, disse em entrevista que o caso inicialmente foi tratado apenas como incêndio. Mas, tão logo os primeiros moradores do prédio foram ouvidos, a polícia constatou que tratava-se de um caso a ser investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

"No hospital, nós constatamos que se tratava de uma situação de dano qualificado, pelo uso de substância inflamável (gasolina), e tentativa de feminicídio. Não porque o agressor e a vítima tivessem em um relacionamento, mas pela desconsideração da condição de mulher da vítima", explicou a delegada. Ela diz ainda que outros crimes estão sendo apurados pelos investigadores. A polícia investiga, inclusive, se o zelador desconfiava que seria demitido e que, por isso, teria se revoltado.

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