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Feminicídio: oito mulheres são mortas por mês na Bahia

Estado registrou 57 casos entre janeiro e julho de 2025

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 22 de agosto de 2025 às 05:00

Seis das 57 vítimas de feminicídio registradas na Bahia até julho de 2025 Crédito: Reprodução

Lindiane, Adriana, Rose, Jaqueline, Dileuza, Maria Francinalda e Kelly. Esses são os nomes de sete das 57 mulheres que foram vítimas de feminicídio na Bahia de janeiro a julho deste ano. O número indica que, a cada mês de 2025, oito mulheres foram assassinadas por ódio de gênero no estado. As informações são do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), pasta vinculada ao Ministério de Justiça e Segurança Pública.

Por ódio de gênero, entende-se a discriminação, preconceito, propagação do ódio, violência ou aversão praticados contra mulheres por razões da condição de sexo feminino. É o caso, por exemplo, dos crimes cometidos, majoritariamente por homens, no contexto de separações, brigas, traições e ciúmes – grande parte dos casos de feminicídio.

Segundo a Polícia Civil da Bahia, até o dia 20 de agosto deste ano, 63 mulheres perderam a vida após serem alvos de feminicidas. O número apresenta seis casos a mais em relação ao dado do Sinesp. Em comparação com o ano passado, são dois casos a menos no mesmo período.

A queda numérica tão discreta chega a preocupar Vanessa Cavalcanti, professora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, gênero e feminismo da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

“A permanência quantitativa pode ser mais um alerta para a necessidade de políticas especializadas e de forte pressão social para processos educativos, preventivos e indicadores de não violências. O agravamento de formas para realização do crime, como o uso de armas não convencionais, assim como a ocorrência na presença de outras pessoas, são alarmes sociais e preocupam”, afirma.

Segundo ela, o cenário atual de insegurança para as mulheres ainda reflete os “muitos anos de armamento e de discursos sobre justiça individual, mulheres recatadas, em prol da relação familiar suportar e não denunciar" que, para a especialista, é fruto de uma cultura machista anunciada e expressa publicamente.

Vanessa Cavalcanti também chama atenção para a demora de execução penal. Tal fator evidencia uma falha que contribui para a descredibilização das redes de proteção. “Alguns trabalhos acadêmicos revelam, através de pesquisas argumentativas e a partir de evidências, que as mulheres têm certa desconfiança para pedir proteção”, diz.

“[É importante lembrar que] o acesso à justiça e à cidadania não acontecem somente por decreto. São processos de longa duração, de preservação e cuidado com as vítimas, sejam as mulheres e as crianças e jovens envolvidos”, completa.

Gabriela Vergolino, pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia (PPGNEIM/Ufba), ressalta que, uma vez identificada a violência, há caminhos aos quais recorrer. “A Prefeitura de Salvador possui um canal de whatsapp disponível como recurso, cujo número é o (71) 98791-3420, há também as delegacias da mulher (DEAMs), especializadas em receber esse tipo de denúncia”, indica.

Outra possibilidade é recorrer à Casa da Mulher Brasileira e ao NUDEM (Núcleo de Defesa das Mulheres) para solicitar medidas protetivas de urgência, o núcleo é localizado no Caminho das Árvores e responde no telefone através do 129 ou (71) 3202-7390. Existe ainda a Central de Atendimento à Mulher (Disque 180). Em caso de emergência é, possível denunciar pelo 190, sendo garantido o sigilo.

Casa da Mulher Brasileira de Salvador  por Divulgação/SECOM

Relembre casos

Janeiro: Lindiane Rufino Soares

Lindiane Rufino Soares foi morta a facadas no bairro de São Marcos, em Salvador, no dia 5 de janeiro deste ano. O autor do crime foi Gilmar Correia, com quem a vítima tinha um filho de 10 anos e dividia a vida há 19 anos. A relação tinha um histórico de ciúmes. Os dois passaram o Réveillon juntos, mas brigaram. Com o pretexto de se reconciliar, eles se encontraram na casa onde moravam e ele a matou. Depois, fugiu da cena do crime, mas foi localizado e preso pela polícia.

Fevereiro: Adriana Cunha da Silva

Adriana Cunha da Silva, 34 anos, foi morta pelo então companheiro no povoado de Nova Alegria, situado no no Rio Jucuruçu, em Itamaraju, no Extremo-Sul da Bahia. O crime aconteceu no dia 3 de fevereiro. Nilson de Jesus Rocha, 35 anos, admitiu ter matado a mulher cujo corpo foi localizado boiando no rio. Testemunhas disseram à polícia que a mulher tentou terminar a relação algumas vezes, mas sempre era confrontada com agressividade por parte de Nilson. Ele também teve episódios de violência doméstica, agredindo a vítima. Ele foi preso.

Março: Rose Antônio Viana

Rose Antônio Viana, de 42 anos, foi morta em uma fazenda do município de Mascote, no Sul da Bahia, no dia 23 de março. O autor do crime foi Reroaldo Souza Portela, de 27 anos, que tentou estuprar a mulher. Ao resistir, ele a esfaqueou. Reroaldo foi encontrado por policiais militares horas depois em um assentamento na zona rural de Mascote. Ao receber voz de prisão, o homem resistiu e atirou contra os policiais. Um deles chegou a ser atingido no braço. Reroaldo também foi baleado e morreu.

Abril: Jaqueline Viana Moura

Uma mulher de 43 anos, identificada como Jaqueline Viana Moura, foi encontrada morta com sinais de estrangulamento na Rua da Resistência, no Bairro da Paz, em Salvador, no dia 16 de abril. A suspeita é o que namorado tenha cometido o crime. Ele foi espancado pela população, socorrido para uma unidade hospitalar, mas não resistiu e morreu.

Maio: Dileuza de Vasconcelos Campinho

Dileuza de Vasconcelos Campinho, de 40 anos, foi morta em Remanso, no norte baiano, no dia 16 de maio. A vítima e outra mulher retornavam da academia quando, ao se aproximarem de sua residência, no bairro Quadra 17, foram surpreendidas por dois suspeitos a bordo de uma motocicleta. Um deles disparou contra Dileuza, que morreu no local. O caso está sendo investigado como feminicídio e o ex-companheiro da vítima é considerado suspeito.

Junho: Maria Francinalda Matias de Souza

Maria Francinalda Matias de Souza, de 57 anos, foi morta a facadas no município de Juazeiro, no norte da Bahia, no dia 6 de junho deste ano. Ela teria se desentendido com o ex-companheiro um dia antes do crime e foi encontrada esfaqueada dentro de casa no dia seguinte. Chegou a ser socorrida por familiares, mas não resistiu. O suspeito, que não teve a identidade revelada, foi preso em flagrante.

Julho: Kelly Silva Jesus

Kelly Silva Jesus, de 35 anos, foi morta a golpes de machado pelo companheiro em Barra do Pojuca, no município de Camaçari. O crime aconteceu no dia 16 de julho. O caso está sendo investigado como feminicídio.