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Ana Beatriz Sousa
Publicado em 8 de julho de 2025 às 23:30
Pode parecer roteiro de uma série distópica, mas é real: desde 2007, o governo da China implementou uma norma que exige que qualquer processo de reencarnação, especialmente de figuras budistas no Tibete, seja previamente autorizado pelo Estado. A medida inusitada, imposta pela Administração Estatal para Assuntos Religiosos, passou a valer com o objetivo de controlar a sucessão de líderes espirituais influentes, como o Dalai Lama, e reforçar a autoridade chinesa sobre o território tibetano. >
Segundo o regulamento, é ilegal reconhecer reencarnações sem aprovação oficial. Isso inclui a obrigatoriedade de que a nova encarnação tenha nascido em território chinês e siga os trâmites burocráticos definidos pelo Partido Comunista. A decisão tem sido interpretada por muitos como uma interferência direta na liberdade religiosa e um ataque à cultura tibetana, que, historicamente, identifica os "Lamas Renascidos" através de tradições espirituais seculares.>
Dalai Lama
O atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso, nascido em 1935, já declarou que pode romper a linha de sucessão tradicional, justamente para evitar o controle chinês sobre a escolha de seu sucessor. A situação ganhou novos holofotes em 2025, ano em que o monge completou 90 anos, e rumores indicam que ele pode encerrar sua linhagem espiritual, um duro golpe na tentativa de Pequim controlar o budismo tibetano.>
O episódio voltou a viralizar nas redes sociais nos últimos dias, reacendendo a pergunta irônica que circula na internet há anos: “Preciso pedir permissão à China para reencarnar?” Com piadas, memes e críticas, internautas discutem as implicações dessa medida incomum.>
De acordo com a Human Rights Watch, a política é apenas uma das várias formas pelas quais o governo chinês tenta limitar a autonomia religiosa no Tibete, região que tenta resistir à dominação chinesa desde 1950.>