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OMS prevê que resistência a antibióticos pode matar mais que o câncer até 2050

Brasil registra aumento de 5% nas vendas de azitromicina no primeiro semestre de 2025, apontando uso indevido e automedicação

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 16 de novembro de 2025 às 11:23

Superbactéria Staphylcocus epidermidis em uma placa de ágar em Melbourne. Os cientistas estudam essa nova variante resistente a todos os antibióticos conhecidos que podem causar infecções
Superbactéria Staphylcocus epidermidis em uma placa de ágar em Melbourne. Os cientistas estudam essa nova variante resistente a todos os antibióticos conhecidos que podem causar infecções "graves" ou até mesmo a morte. Crédito: WILLIAM WEST / AFP

A Organização Mundial da Saúde (OMS) acendeu um alerta global: se o uso inadequado de antibióticos continuar crescendo, a resistência antimicrobiana poderá causar até 10 milhões de mortes anuais até 2050, ultrapassando o câncer como principal causa de óbito no mundo. Hoje, mais de 1,27 milhão de pessoas morrem todos os anos em decorrência de infecções causadas por bactérias resistentes.

No Brasil, o cenário preocupa. Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), um terço da população consome antibióticos sem prescrição médica. Mesmo com a exigência de receita pela Anvisa, pequenas farmácias ainda vendem o medicamento irregularmente, respondendo por 27% das aquisições ilegais.

Remédios por Reprodução

Dados da própria Anvisa mostram que, no primeiro semestre de 2025, foram comercializadas 21 milhões de unidades de azitromicina e azitromicina di-hidratada, um aumento de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já a cefalexina teve queda de 4,5%, com 19,8 milhões de unidades vendidas.

A infectologista Claudia Vidal, da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP), explica que o uso sem orientação médica é o principal fator de risco. “Os antibióticos são essenciais no tratamento de infecções bacterianas específicas. Mas quando usados em casos virais, além de ineficazes, favorecem o surgimento de bactérias resistentes”, afirma.

Entre os medicamentos mais usados no país estão a azitromicina e a cefalexina, indicadas para infecções respiratórias, urinárias, de pele e algumas doenças sexualmente transmissíveis. O uso inadequado pode causar reações alérgicas, danos aos rins e ao fígado, além de comprometer a microbiota intestinal e favorecer infecções secundárias.

A médica alerta que a dosagem incorreta ou o tratamento interrompido antes do tempo podem agravar o quadro clínico. “Em alguns casos, não há antibióticos eficazes disponíveis para combater bactérias multirresistentes, o que aumenta o risco de morte”, reforça.

A resistência antimicrobiana também preocupa hospitais brasileiros. Um levantamento da SBI mostra que 20% das unidades públicas e privadas não ajustam corretamente a dosagem dos medicamentos, e 87,7% prescrevem sem exames laboratoriais detalhados. Isso eleva o risco de erro e aumenta os custos das internações.

O relatório da OMS, divulgado em outubro, aponta que uma em cada seis infecções bacterianas entre 2018 e 2023 apresentou resistência a antibióticos, com aumento de até 40% nos índices de resistência nesse período. A entidade alerta que o problema ameaça não só o tratamento de infecções, mas também procedimentos como cirurgias, quimioterapias e transplantes, que dependem da eficácia desses medicamentos.

Para conter o avanço, especialistas recomendam programas de gerenciamento de antimicrobianos, auditorias regulares, maior investimento em exames e campanhas de conscientização. “Educar a população e promover o uso racional dos antibióticos são medidas urgentes para evitar uma crise sanitária de grandes proporções”, conclui Claudia Vidal.

Tags:

Câncer Saúde Antibiótico