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Elaine Sanoli
Wladmir Pinheiro
Publicado em 30 de outubro de 2025 às 15:10
A mais letal operação policial já registrada na história do país resultou na morte de 121 pessoas, quatro delas policiais, nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A ação policial afetou o transporte público, a saúde e a educação da região nesta terça-feira (28).>
Megaoperação contra o Comando Vermelho
O governador do Rio, Claudio Castro, classificou a operação como "um sucesso". "Ontem foi um dia histórico para o Rio de Janeiro, a maior operação da história da polícia. Na reunião com os governadores, foi demonstrada solidariedade e apoio, parabenizando a ação. Temos condições de vencer batalhas, mas sozinhos não dá para ganhar uma guerra contra o estado paralelo, que tem um poder bélico e financeiro cada vez maior", disse o governador.>
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que o governador preste esclarecimentos sobre a operação. Defensores dos direitos humanos, organizações da sociedade civil e movimentos sociais denunciam a ação como um "massacre". Familiares dos mortos apontam que os corpos encontrados tinham sinais de execução, como tiros na cabeça e até mesmo mutilações.>
A especialista em segurança pública e Diretora do Instituto Fogo Cruzado, Cecília Oliveira disse que a operação está longe de enfrentar efetivamente o problema das facções criminosas no Brasil. >
“O CV e o PCC [Primeiro Comando da Capital] são resultados de um país que decidiu empurrar o problema da segurança pública para debaixo do tapete por mais de 30 anos”, criticou.>
A especialista apontou caminhos para o enfrentamento que não inclui a morte de pessoas em massa. “Combater o crime exige outra lógica. A gente precisa atacar fluxos financeiros e patrimoniais, fortalecer corregedorias independentes, combater a corrupção dentro do Estado. Sem isso, as ações apenas deslocam a violência de um lugar para outro, e o ciclo continua rodando”, apontou.>