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Alan Pinheiro
Publicado em 28 de novembro de 2025 às 16:38
O pernambucano Paulo do Rego Barros Júnior, conhecido no esporte como Paulo Coco, construiu uma carreira onde disciplina, entrega e sensibilidade caminham no mesmo ritmo. Nascido em Olinda e criado entre quadras escolares e clubes da capital, encontrou no vôlei um ponto de equilíbrio que definiu não apenas o profissional que se tornaria, mas a forma como enxerga o mundo. >
A primeira rede, aos 12 anos, foi montada em pátios escolares. É ali que ele descobriu que a combinação entre movimento e convivência moldava atletas, mas também desenvolvia pessoas. A leitura rápida de jogo, a capacidade de organizar grupos e a serenidade nos momentos de pressão começaram antes das medalhas, nasceram no cotidiano de um garoto fascinado pela lógica e pela coletividade do esporte.>
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Aos 19 anos, Paulo deixou Recife para tentar a carreira em São Paulo. “Em terras paulistas vivi em alojamentos simples, treinei em ginásios vazios e tive que aprender a conviver com a distância da minha família. Não foi algo fácil, mas segui atrás do meu sonho”, compartilha Paulo, nostálgico. Ele jogou profissionalmente por uma década em equipes como Banespa e Palmeiras/Parmalat e ganhou títulos nacionais e sul-americanos. Mas, acima das conquistas, entendeu que sua vocação estava em ensinar o esporte.>
A transição para a área técnica o levou a aprendizados valiosos em sua carreira, como a convivência diária com atletas de diferentes perfis, histórias e ambições. Em 2003, chegou à Seleção Brasileira Feminina ao lado de José Roberto Guimarães, onde permanece até hoje. Duas décadas acompanhando gerações, conhecendo o bastidor emocional que não aparece nos jogos e vivendo o desafio de formar times que competem no limite. Vieram medalhas olímpicas, títulos continentais e reconhecimento internacional. Mas, para Paulo, o que pesa é a capacidade de transformar potencial em confiança.>
Nos últimos anos, sua carreira ganhou um novo território. Entre Brasil e Estados Unidos, assumiu o comando da LOVB ATLANTA, Liga Profissional dos Estados Unidos, que já movimenta milhões e redesenha o cenário do voleibol feminino norte-americano. “O time teve a melhor campanha na fase regular da 1ª temporada, com 13 vitórias e 3 derrotas. Em virtude disso recebi o prêmio de melhor técnico da temporada”, compartilha com emoção sobre sua conquista no clube.>
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Nos EUA, mergulhou em um ecossistema que combina base sólida, investimento privado, tecnologia e um número impressionante de jovens buscando oportunidade. “Aqui existem adolescentes que treinam duas vezes por semana em clubes de base e universidades que oferecem centenas de programas esportivos. O país oferece escala e estrutura que poucos imaginam, é um campo fértil para aplicar novos ensinamentos”, explica.>
O presente da carreira é internacional, mas o propósito permanece o mesmo, desenvolver pessoas. Ele acredita que os próximos anos exigem técnicos capazes de unir formação técnica, inteligência emocional e leitura humana. “O desempenho não nasce só de planilhas, nasce de ambiente, vínculo, confiança e rotina”, comenta.>
A próxima etapa da carreira inclui compartilhar esse conhecimento, ampliar projetos entre Brasil e EUA, contribuir com a formação de jovens treinadores e fortalecer o voleibol brasileiro em ligas estrangeiras.>
Paulo carrega a bagagem de conhecimento de quem já viveu ciclos intensos, mas mantém a leveza de quem sabe que o esporte ainda tem muito a ensinar. Seu percurso mostra que trajetórias de alto rendimento não se constroem apenas com vitórias, mas também com consistência, sensibilidade e capacidade de atravessar fronteiras sem perder o eixo.>