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Hebert Conceição se prepara para duelo de medalhistas olímpicos marcado por provocações

O Baiano defende o cinturão brasileiro dos super-médios contra contra Yamaguchi Falcão, na 2ª edição do Spaten Fight Night

  • Foto do(a) author(a) Pedro Carreiro
  • Pedro Carreiro

Publicado em 18 de agosto de 2025 às 05:30

Hebert Conceição x Yamaguchi Falcão
Hebert Conceição x Yamaguchi Falcão Crédito: Divulgação

A segunda edição do Spaten Fight Night, marcada para 27 de setembro em São Paulo, se aproxima com expectativas crescentes. Embora o evento principal da noite seja a revanche entre Wanderlei Silva e Vitor Belfort, um confronto entre medalhistas olímpicos promete roubar a cena. Recheado de provocações e intrigas familiares, o combate colocará em jogo o cinturão brasileiro dos super-médios do baiano Hebert Conceição, campeão olímpico em Tóquio 2020, contra Yamaguchi Falcão, medalhista de bronze em Londres 2012.

As conquistas olímpicas dos lutadores já bastariam para chamar o público, mas a história por trás do embate amplia o interesse. Hebert conquistou o título na primeira edição do evento, em abril de 2024, ao derrotar Esquiva Falcão, medalhista de prata em Londres 2012 e irmão de Yamaguchi. Depois, após vencer sua primeira defesa do cinturão contra Tiago Ferreira no início de agosto, o baiano disparou um recado direto ao novo desafio: “Os próximos desafios são grandes, mas, cara, eu só quero voar. Quero voar, mas não como falcão, mas como águia”.

Confira a luta entre Hebert Conceição e Esquiva Falcão

Mordido pela provocação e determinado a defender a honra da família, Yamaguchi já declarou publicamente que vai em busca de vingança pelo irmão. Mas enquanto os Falcão estão juntos na bronca com Hebert, o campeão mantém o foco estrito no adversário e no objetivo de defender o título pela segunda vez com sucesso.

“Eu só provoco o meu adversário. As provocações que vêm da família Falcão partem deles, não de mim. Conheço alguns irmãos, mas nunca mandei nada a ninguém. Não tenho rivalidade com a família inteira, apenas com quem vai me enfrentar. Entendo que eles possam estar incomodados porque venci um membro da família. Talvez, se fosse o contrário, eu também compraria a briga em defesa do meu irmão. Faz parte. Mas, da minha parte, não existe rivalidade pessoal, apenas o confronto com Yamaguchi”, contou Hebert em entrevista ao CORREIO.

Hebert Conceição golpeia Esquiva Falcão no Spaten Fight Night por Wander Roberto/Divulgação

Apesar das farpas trocadas, o respeito mútuo entre dois ícones do boxe brasileiro permanece. Hebert, no entanto, enxerga o jogo psicológico das provocações como arma para desestabilizar o adversário. Com mais de um mês até o combate, adianta que as provocações podem escalar, inclusive para o terreno gastronômico, acirrando a rivalidade entre Bahia e Espírito Santo (terra natal de Yamaguchi) na polêmica entre moqueca baiana e capixaba.

“As provocações fazem parte do jogo. Ainda falta mais de um mês para a luta, e às vezes é bom deixar algumas provocações para perto do combate, quando os nervos estão mais à flor da pele. Uma frase ou uma brincadeira pode mexer não só com ele, mas com o estado inteiro, como no caso da moqueca, que, para mim, tem que ter dendê, senão não é moqueca, é ensopado. Mas isso tudo é parte do espetáculo”, destacou o pugilista baiano.

Preparação para a luta

Após defender o cinturão com autoridade no dia 2 de agosto, Hebert retomou os treinos para encarar Yamaguchi apenas na última semana, depois de um breve período de recuperação. A pausa não foi por desgaste, já que dominou Thiago Ferreira com tranquilidade e venceu por nocaute técnico em apenas três rounds, após dois knockdowns. Tudo faz parte de um planejamento cuidadoso para chegar ao auge no dia 27 de setembro.

“Recomecei agora para iniciar um novo ciclo, de modo que eu chegue no auge físico, técnico e tático no dia 27 de setembro. Se tivesse mantido a mesma intensidade desde a luta do dia 2, não conseguiria sustentar meu pico por tanto tempo. Claro que o histórico de treinos e lutas anteriores conta, mas o processo foi reiniciado”, explicou Hebert.

“Agora estou na fase de base: muita correção, muita repetição, preparando o corpo para a intensidade que virá nas próximas semanas. O objetivo é chegar no dia 27 muito bem preparado, fazer uma grande luta e proporcionar um espetáculo de intensidade para o público”, acrescentou.

Confira os melhores momentos da luta entre Hebert Conceição e Thiago Ferreira

Desde que conquistou o ouro nas Olimpíadas de Tóquio, Hebert se dedica integralmente ao boxe profissional e já soma nove vitórias, seis delas por nocaute. Nesse novo cenário, além das diferenças evidentes em relação ao boxe olímpico, como rounds e equipamentos, ele valoriza a possibilidade de estudar seus adversários com antecedência, algo que não acontece nas competições amadoras, definidas por sorteio próximo às lutas.

Essa preparação específica será essencial diante de um oponente como Yamaguchi. O capixaba de 37 anos, dez a mais que Hebert, voltou aos ringues em julho após dois anos de inatividade e venceu o baiano Sergio Dantas por nocaute. Com 1,80 m de altura, contra 1,87 m do rival, e um cartel de 25 vitórias, sendo 10 por nocaute, além de duas derrotas e um empate, traz consigo uma experiência que pode pesar no confronto. Ainda assim, Hebert garante que não se intimida.

“É lógico que estou montando uma estratégia específica para enfrentá-lo, mas não faria sentido revelá-la agora. O importante é que o treino será direcionado para esse combate. Yamaguchi é um adversário menor que eu, canhoto e mais experiente. Esses fatores exigem ainda mais atenção e preparo específico para superar as dificuldades. Sei que ele é versátil, avança e recua, confunde o adversário. Estarei pronto para enfrentá-lo de qualquer forma”, garantiu.

Planos futuros e sonho de lutar em Salvador

Depois da luta contra Yamaguchi, Hebert já sabe qual será o próximo passo: buscar voos mais altos, só que “não como um falcão, mas como uma águia”. O baiano mira o crescimento no boxe profissional e sonha com títulos internacionais, embora não descarte mais uma defesa do cinturão nacional.

“Meu objetivo, depois dessa luta, é disputar algum cinturão internacional, seja o título internacional ou o latino, para me aproximar ainda mais do mundial. Não penso mais em títulos brasileiros, a não ser que seja uma boa oportunidade de defender aqui no país. Seria uma honra lutar novamente no Brasil, mas meu foco é o cenário internacional”, reforçou.

Olhando ainda mais adiante, Hebert sonha em protagonizar um grande evento de boxe em Salvador. Apaixonado pelo Bahia, ele imagina um combate histórico na Arena Fonte Nova, palco de tantas alegrias com o clube do coração.

“Meu sonho é trazer um grande evento de boxe para Salvador, onde eu possa ser o protagonista. Se fosse na Fonte Nova, tenho certeza de que o estádio lotaria em uma disputa de título. A torcida daqui me abraça muito, principalmente os torcedores do Bahia. Seria incrível ver todos gritando por mim. Tenho esse sonho e acredito que um dia vou realizá-lo”, comentou o soteropolitano.

Hebert acompanhando o Bahia no Morumbi por Reprodução/ @hebertwilianboxe

Mas lutar em casa não significaria contar apenas com o apoio tricolor. Hebert reconhece que também recebe carinho dos torcedores do rival Vitória, que enxergam nele o orgulho de ver um baiano no topo do boxe.

“Fiquei até surpreso recentemente: lutei em Brasília, no início do mês, e vi torcedores do Vitória com a camisa do clube, que foram até lá para me assistir. Depois me disseram: “Eu sei que você é Bahia, esse é o único defeito, mas vim aqui porque admiro você”. Isso me deixou muito feliz. Imagine então lutar em Salvador, em casa, diante de toda essa energia”, projetou.