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Herdeira do tráfico: filha da líder da ‘Tropa da Juba’ é integrante do CV e já ‘lavou’ milhões da facção

Organização criminosa que atua em Feira de Santana atua no tráfico de drogas e armas

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 05:00

A traficante Hayanna é filha da líder da 'Tropa da Juba', filiada ao CV
A traficante Hayanna é filha da líder da 'Tropa da Juba', filiada ao CV Crédito: Reprodução

As semelhanças entre Juliana de Almeida Leite, a ‘Juba’, de 40 anos, e Hayanna Letícia Leite da Silva, de 25, vão muito além da herança genética. Tal qual a mãe, a filha, conhecida como ‘Haay’, faz parte também do Comando Vermelho (CV) de Feira de Santana. Ela é apontada pela Polícia Civil como operadora financeira – a mãe dela é um dos gerentes e líder da ‘Tropa da Juba’, célula da organização na cidade. Além do tráfico de drogas, a facção atua no comércio ilegal de armas e, segundo as investigações, parte do dinheiro era ‘lavado’ em uma empresa de ‘Haay’. Com uma renda declarada de R$ 8 mil, ela ainda movimentou mais de R$ 2,6 milhões em menos de um ano em contas em seu nome.

Hayanna é uma das 32 pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Estado (MPBA) em abril deste ano, na Operação Skywalker. Assim como a mãe, ela teve a prisão decretada por tráfico de drogas e está foragida. Ambas são subordinadas a Heverson Almeida Torres, o 'MG' ou ‘Mil Grau’, preso no dia 27 de fevereiro do ano passado, em casa de luxo no Rio Grande do Norte - ele tem um núcleo formado só por policiais, ligado diretamente ao contrabando de armamentos. Segundo o Departamento de Combate ao Crime Organizado (Draco), entre 04 de junho de 2023 e 03 de maio deste ano, “foram identificadas movimentações financeiras expressivas, em períodos diversos” por 'Haay', um montante de R$ 2.611.818,00.

Já a Hayanna Confecções, que consta a traficante como proprietária, de 01 de fevereiro de 2024 a 29 de março de 2024, teve uma movimentação financeira de R$ 1.260.561,00 distribuída da seguinte forma: R$ 631.367,00 ao crédito e R$ 629.194,00 ao débito. “Cumpre destacar que a referida empresa foi formalmente constituída em 31/10/2023, ou seja, apenas quatro meses antes do início das transações acima mencionadas, o que torna ainda mais suspeita a elevada movimentação financeira em período tão curto de existência formal”, diz a denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do MPBA, com base nas investigações do Draco.

A empresa foi mencionada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), através do Relatório de Inteligência Financeira (RIF) - documento essencial no combate a crimes como lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo - em razão do recebimento de R$ 17 mil, por meio de cinco transações financeiras realizadas por André Ricardo de Almeida Araújo Santos, o ‘Gordinho’, preso na Operação Skywalker. “Esse fato motivou a ampliação das apurações acerca da investigada Hayanna, em virtude da evidente conexão entre sua movimentação financeira e os recursos oriundos da organização criminosa”, diz trecho.

A denúncia aponta que, por meio de comprovantes de transferência bancária, registros contábeis e capturas de tela com extratos de saldo em conta, ficou comprovado que as contas vinculadas à empresa Hayanna Confecções, que “são utilizadas como instrumento para a circulação e dissimulação de valores provenientes do tráfico de entorpecentes e de crimes conexos”, funciona como “empresa de fachada a serviço do esquema criminoso”.

A empresa possui endereço cadastrado no bairro da Queimadinha, região historicamente dominada pela ‘Tropa de Juba’. “Tal circunstância reforça a tese de que a atividade empresarial registrada tem como único objetivo a ocultação de patrimônio ilícito e a movimentação encoberta de ativos do tráfico, contribuindo diretamente para a estruturação financeira da facção em âmbito regional”, diz a denúncia.

A traficante Hayanna é filha da líder da 'Tropa da Juba', filiada ao CV
A traficante Hayanna é filha da líder da 'Tropa da Juba', filiada ao CV Crédito: Reprodução

Conversas

As transações bancárias não foram as únicas provas que colocam Hayanna como uma das peças fundamentais da organização criminosa de Feira de Santana. Conversas obtidas por meio da quebra de sigilo autorizadas pela Justiça revelam que ela mantém contatos mediante ligações telefônicas com o traficante Lucas Santos Barbosa, o ‘Mata Rindo’, outra liderança do Comando Vermelho na cidade e que possui mandados de prisão abertos por homicídios e tráfico.

“Esse vínculo reforça a inserção direta de Hayanna nas esferas superiores da organização criminosa, indicando confiança e acesso aos principais líderes da facção”, diz denúncia.

Ainda de acordo com as investigações, foram identificados diálogos entre mãe e filha, “nos quais ambas tratam de temas diretamente relacionados ao tráfico de drogas, como movimentação financeira ilícita, operações policiais na região em que residem e estratégias associadas à rotina do grupo criminoso”. “Os conteúdos reforçam a ligação direta e operacional entre mãe e filha no âmbito da facção Comando Vermelho, bem como a consciência mútua das atividades ilegais desenvolvidas”, aponta a denúncia.

A traficante Hayanna é filha da líder da 'Tropa da Juba', filiada ao CV por Reprodução

‘Tropa da Juba’

Sob o comando da mãe de ‘Haay’, a ‘Tropa da Juba’ está envolvida no comércio ilegal de armamentos. “‘Juba’, inclusive, aparece em várias fotos portando armas de alto poder ofensivo, capazes de causar lesões graves ou morte, em razão de sua elevada energia cinética”, aponta denúncia do MPBA.  

A investigação aponta que a traficante teria participado diretamente de algumas execuções, a partir da análise das armas exibidas por ela. “Posteriormente, foram localizadas mídias (fotos e vídeos) que retratam homicídios, aparentemente cometidos com a mesma lâmina ou com instrumento similar ao exibido por Juliana, o que indica possível autoria mediata por parte da investigada, além de sugerir um eventual modus operandi da facção criminosa.