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Manifestantes vão às ruas em protesto contra feminicídio e violência contra mulheres em Salvador

Ato foi realizado na manhã deste domingo (14), na Barra

  • Foto do(a) author(a) Maria Raquel Brito
  • Maria Raquel Brito

Publicado em 14 de dezembro de 2025 às 16:39

Ato reuniu manifestantes pelo fim da violência de gênero
Ato reuniu manifestantes pelo fim da violência de gênero Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Manifestantes tomaram a rua na manhã deste domingo (14) para protestar contra o feminicídio e a violência de gênero. A passeata teve início às 10h no Morro do Cristo e seguiu até o Farol da Barra, onde ativistas e participantes do ato puderam pegar o microfone e fazer declarações.

O ato foi convocado pelo movimento Levante Mulheres Vivas e faz parte da mobilização que aconteceu em outras capitais do Brasil no último domingo (7), movida pela escalada dos assassinatos de mulheres por motivação de gênero no Brasil. Entre janeiro e outubro de 2025, pelo menos 5.582 feminicídios foram consumados ou tentados no país, de acordo com o Monitor de Feminicídios no Brasil (MBF), desenvolvido pelo Laboratório de Estudos de Feminicídios da Universidade Estadual de Londrina (LESFEM/UEL). Só na Bahia estão 370 desses casos.

Mobilização ocupou Salvador em protesto contra a violência de gênero por Arisson Marinho/CORREIO

Segurando cartazes com frases como “a mão que te acaricia é a mesma que te mata” e “quantas mulheres mais precisam gritar para vocês ouvirem?” e entoando gritos contra a violência de gênero, pessoas de todas as idades se juntaram ao protesto.

Foi o caso do grupo Divas de Batom, que marcou presença no ato com um banner com os dizeres “violência contra a mulher não tem desculpa, tem lei! Agredir uma mulher é crime e dá cadeia!”. O coletivo foi criado com a intenção de promover a prática de atividades físicas por mulheres e promover a autoestima feminina, mas logo se tornou também um símbolo na luta contra a violência de gênero.

“Há oito anos a gente luta pela prevenção contra feminicídio. Porque nós não somos contra os homens. A gente é contra os covardes que cometem violência. E não adianta discutir violência contra mulheres sem a presença deles, que são o principal causador”, disse Rosângela Madureira, de 54 anos, idealizadora do projeto.

Vidas ceifadas precocemente, como as de Laina Santana Guedes, de 37 anos, assassinada a marretadas em Lauro de Freitas em agosto deste ano, e Rhianna Alves, jovem trans morta aos 18 anos em Luís Eduardo Magalhães no último dia 6, foram relembradas ao longo da passeata.

Violências que não foram noticiadas também marcaram a passeata para muitas mulheres. Na mente da jornalista Clara Oliveira, de 24 anos, uma situação se repetia enquanto fazia o trajeto do Morro do Cristo ao Farol da Barra.

“Minha mãe foi agredida pelo meu pai quando eu era criança, pai esse que eu não tenho mais contato. Eu achei que essa situação estava mais curada na minha cabeça, mas não está. Então, participar de um movimento desse só relembra a relevância da vida de uma mulher, quão grande é a nossa luta diária e como a violência atravessa a nossa vida todos os dias. E eu só espero que essas manifestações tragam uma conscientização mais forte e políticas públicas de maneira geral. Que mulheres consigam viver em paz, usando o que quiserem, andando por onde quiserem, sendo felizes do jeito que quiserem”, disse.

Mães e pais aproveitaram a ocasião para levar seus filhos e introduzir as conversas sobre gênero e feminismo em suas vidas. Foi o caso dos professores Maria Simone, de 44 anos, e Jefferson Santos, 45, que foram à manifestação com a filha Naomi, de 10 anos.

“Nós tentamos incentivar e orientar ela, para já ir entendendo o cenário. Porque hoje ela é criança, mas também vai ser uma mulher”, afirmou Maria Simone. Jefferson concorda. Para ele, foi essencial marcar presença e levar a filha para a manifestação, sobretudo pelo fato de Naomi ser uma menina negra.

“A gente percebe que essa questão do feminicídio tem um recorte de classe e raça muito marcante. A gente percebe pelas estatísticas que as mulheres negras são as maiores vítimas do feminicídio. É muito importante vir em família para a gente já desde cedo trazer essas lutas, essa pauta, para que as gerações futuras entendam a importância de lutar por algo tão crítico”, disse o pai. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública deste ano, 63,6% das vítimas de feminicídio no Brasil em 2024 eram negras.

Durante o ato, podiam ser vistos ainda cartazes contra o chamado "PL da Dosimetria", aprovado na madrugada da última quarta-feira (10), que abriu caminho para a redução das penas de condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 - incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também aconteceram protestos contra o marco temporal de terras indígenas.

Onde denunciar

Uma das mensagens importantes deixadas durante a manifestação foi em relação às formas de denunciar os casos de violência contra mulheres. O principal canal é o Ligue 180, que orienta e encaminha mesmo que a situação ainda não envolva agressões físicas diretas.

Além do Ligue 180, existem várias maneiras de denunciar a violência doméstica. Entre elas está o Disque 100, do Ministério do Direitos Humanos, que encaminha as ligações para a pasta competente. Há ainda os canais diretos da Polícia Militar da Bahia (PM-BA): o 190 e o 181, para casos de urgência.

De maneira presencial, é possível denunciar casos de violência na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o estado dispõe de 15 DEAMs e 13 Núcleos Especiais de Atendimento à Mulher (NEAMs), voltados à prisão de agressores.

Caso a vítima não queira registrar uma queixa com implicações criminais contra o agressor, há alternativa de pedir medida protetiva diretamente na Defensoria Pública, sem abertura de um inquérito.