Primeira quinzena de abril teve quase 3 mil ocorrências para a Codesal

Em duas semanas, choveu em Salvador quase o dobro do esperado para todo o mês

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  • Raquel Brito

Publicado em 17 de abril de 2024 às 22:19

Chuva em Salvador
Chuva em Salvador Crédito: Leitor CORREIO

As duas semanas iniciais de abril foram bastante chuvosas em Salvador. Com um volume de 567,4 mm de chuva até esta quarta-feira (17), esta é a primeira quinzena de abril mais chuvosa dos últimos 30 anos. O número é quase o dobro do volume esperado para todo o mês, que era 284,9.

De acordo com a meteorologista Maryfrance Diniz, do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), é comum que haja chuvas intensas nesse período. “Nessa época do ano se inicia o período mais chuvoso do setor leste da Bahia, sobretudo da cidade de Salvador. Diante desta condição, é normal esperar chuvas com volumes expressivos ao longo do mês em vários pontos da capital baiana”, diz.

Isso acontece porque, além de abril marcar o início do período de chuvas em Salvador, o Oceano Atlântico se encontra numa fase mais quente que o normal, aumentando a evaporação, explica a especialista. A evaporação, por sua vez, eleva a umidade na atmosfera e, consequentemente, intensifica a formação de nuvens com potencial para chuvas intensas, com grandes volumes.

Diniz esclarece que nesta semana, que concentrou os mais de 500 milímetros de chuva, o motivo foi que a faixa leste do estado ficou sob a influência do fenômeno denominado cavado. “É uma área de baixa pressão, que facilita a transferência de umidade trazida pelos ventos marítimos para a atmosfera, formando nuvens carregadas com potencial para chuvas fortes”.

A estudante Sandra Coelho, de 54 anos, foi uma das pessoas que se prejudicaram com o pé-d’água em Salvador. Mais de uma vez, ela não conseguiu chegar até a sua universidade por conta da chuva. “Em alguns dias não tive aula, em outro eu peguei um ônibus que atolou na Sete Portas, indo para o Acesso Norte. E eu moro no Centro Histórico, onde a água desce numa velocidade e numa altura absurdas. Molhou minhas minhas pernas, minhas roupas e eu fiquei de cama, estou de atestado”, conta ela.

Agnes Azenath, de 20 anos, também passou por dores de cabeça nas últimas semanas. Moradora de Lauro de Freitas e aluna do campus do Cabula da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), ela saiu de casa na última terça-feira (8) sem considerar que a chuva ficaria tão forte. Durante o trajeto de mais de uma hora, o dia de sol se transformou num temporal.

“Eu me senti desamparada pois não tinha guarda chuva comigo, a chuva me pegou de surpresa. Foi uma sensação de constrangimento chegar na sala ensopada daquele jeito”, conta.

Apenas nesta quarta-feira, de acordo com informações são do Centro de Monitoramento de Alerta e Alarme da Defesa Civil, os maiores acumulados de chuva em 24 horas foram registrados nas localidades na Cidade Baixa - Monte Serrat (54,8mm), Liberdade - Vila Sabiá (53,6mm), Brotas (51,4mm), Calçada (51mm) e Parque da Cidade (50mm). Os dados foram atualizados às 16h50 em Salvador.

Com as fortes chuvas, foram registradas no mês de abril, até esta quarta, 2.865 ocorrências pela Codesal. Os principais motivos são ameaça de desabamento, deslizamento e alagamento de imóveis.

Um desses casos aconteceu na avenida Garibaldi. Houve um deslizamento de terra sobre um estacionamento na Rua Maestro Carlos Lacerda, que danificou a ligação de energia elétrica de uma casa e a rede de distribuição de água no local. Ninguém ficou ferido.

Segundo a Coelba, a distribuição de energia no imóvel prejudicado ainda não foi normalizada, porque o padrão de entrada (conjunto de instalações composto de caixa de medição, sistema de aterramento, condutores e outros acessórios indispensáveis para que a Coelba faça a sua ligação) precisa ser regularizado pelo cliente para ser normalizado pela empresa.

Já em relação à falta de água, a Embasa afirmou que, até que o reparo seja concluído, a empresa instalou um ramal provisório para garantir o fornecimento de água para os quatro imóveis que foram prejudicados.

Além de Salvador, cidades do interior baiano também têm sofrido com a chuva. Ilhéus, no sul do estado, foi na terça-feira (16) a segunda cidade onde mais choveu em todo o Brasil. Foram mais de 115.8mm, segundo o Inmet.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro