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Bruno Wendel
Publicado em 28 de dezembro de 2025 às 14:00
Os dois técnicos de telefonia sequestrados por traficantes no bairro de Luís Anselmo, em Salvador, neste sábado (27), são funcionários da operadora Claro. A empresa está entre as grandes prestadoras de internet proibidas pelo Comando Vermelho (CV) de atuar na região. Apenas companhias que pagam o chamado “pedágio” têm permissão para explorar o serviço no bairro. >
Além da Claro, operadoras como Oi, TIM e Vivo também enfrentam dificuldades para trabalhar em áreas controladas pelo CV na capital baiana. Isso ocorre porque o fornecimento ilegal de internet se tornou uma das principais fontes de renda do crime organizado. Segundo especialistas, atualmente há mais pessoas conectadas à internet do que usuárias de drogas.>
Reflexo da atuação do CV e BDM nas comunidades
De acordo com informações do Centro Integrado de Comunicações (Cicom) da Secretaria da Segurança Pública (SSP), as vítimas trabalhavam em uma escadaria próxima a uma escola municipal, na Rua Luís Anselmo, quando foram surpreendidas por um grupo de homens armados.>
No entanto, os criminosos não contavam com a presença policial. “As vítimas são funcionários da empresa de telefonia Claro. Foram liberadas após os autores do sequestro serem informados de que havia uma guarnição realizando rondas na região”, diz um trecho da ocorrência, em referência à atuação da 58ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Cosme de Farias).>
Apesar de libertados, os técnicos foram ameaçados. “Relataram que, caso retornem à localidade, sofrerão duras penalidades”, aponta outro trecho do registro policial. Os celulares dos trabalhadores foram roubados.>
A atuação de facções criminosas contra empresas de telefonia é um problema antigo. Segundo a Conexis Brasil Digital — entidade que representa grandes operadoras como Claro, Oi, TIM e Vivo —, organizações criminosas vêm sabotando estruturas, cortando cabos e intimidando técnicos com o objetivo de permitir apenas provedores autorizados pelas facções.>
“O bloqueio do acesso das equipes das prestadoras em determinadas regiões compromete a manutenção e a instalação de equipamentos. Essas restrições vêm se expandindo para diferentes localidades, afetando o fornecimento e a qualidade do serviço, além de colocar em risco a integridade física dos profissionais”, afirmou a entidade em nota enviada recentemente ao CORREIO.>
Ainda segundo a Conexis, o problema exige medidas efetivas e uma ação coordenada da segurança pública, envolvendo o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, nos âmbitos federal, estadual e municipal, para garantir a atuação segura das empresas e o acesso da população aos serviços essenciais de telecomunicações.>