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Lentidão, mentiras e angústia: como foi tentativa de resgate de brasileira que morreu ao cair em trilha

Cronologia mostra como foi, dia a dia, a tentativa de salvar Juliana Marins, de 25 anos

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 24 de junho de 2025 às 12:55

Juliana Marins
Juliana Marins Crédito: Reprodução

A brasileira Juliana Marins, de 26 anos, morreu após cair durante uma trilha no Monte Rinjani, um dos vulcões mais altos da Indonésia. A publicitária passou quatro dias isolada em um trecho íngreme da montanha, enquanto sua família no Brasil acompanhava, à distância, um resgate marcado por informações falsas, lentidão e condições climáticas adversas. Ela foi encontrada sem vida nesta terça-feira (24).

Drones no primeiro dia mostraram a jovem se mexendo por Reproduçáo

Veja como foi a cronologia do caso: 

Sexta-feira, 20 de junho – 19h (de Brasília): queda durante a trilha

Juliana fazia uma trilha com outras cinco pessoas e um guia local, no segundo dia de caminhada, quando afirmou estar cansada para continuar. Segundo a irmã, o guia respondeu “então descansa” e seguiu adiante. "Juliana foi abandonada", disse Mariana Marins. A jovem escorregou e caiu cerca de 300 metros pela encosta. O guia negou ter abandonado Juliana, mas admitiu que caminhava à frente dela e levou "de 15 a 30 minutos" para retornar quando a jovem não os alcançou. Nesse momento, percebeu que ela havia caído e, segundo ele, acionou a agência de turismo para solicitar o resgate, já que não tinha equipamentos necessários no local. 

Apesar da informação do guia de que fez o alerta, a Agência Nacional de Resgate da Indonésia (Barsanas) afirma que a informação sobre o acidente só chegou às equipes cerca de oito horas depois da queda,

No mesmo dia, mais tarde, turistas espanhóis que estavam na região localizaram Juliana com a ajuda de um drone. Ela estava viva, presa em uma fresta de pedra e com dificuldade para se mover, mas mexia as mãos. 

Guia Ali Musthofa com Juliana e outros turistas na trilha
Guia Ali Musthofa com Juliana e outros turistas na trilha Crédito: Reprodução

Sexta-feira, 20 de junho – 22h: família é avisada

A família só soube do acidente três horas depois, quando o grupo de turistas espanhóis que avisou Juliana encontrou o perfil da brasileira nas redes sociais e passou a enviar mensagens até localizar uma amiga das irmãs. Juliana foi reconhecida pela roupa e pelo rosto nas imagens.

Sábado, 21 de junho – 4h30: primeiros socorristas chegam

Uma equipe chegou até a região do acidente e conseguiu entregar água e comida, mas não conseguiu resgatá-la. A operação foi interrompida pelo mau tempo e pela baixa visibilidade. A família se preocupou porque pessoas no local informaram que Juliana estava escorregando e ficando mais distante da trilha. "Depois de cair, ela ainda deslizou cerca de 300 metros montanha abaixo", disse Mariana Marins, irmã da vítima. A jovem estaria “na beirada do precipício”.

Sábado, 21 de junho - Informações falsas são repassadas à família

As autoridades da Indonésia divulgam vídeo que mostraria socorristas chegando com água, comida e agasalho até Juliana. A Embaixada do Brasil em Jacarta informou à família que o socorro já havia localizado a jovem. No dia seguinte, porém, Mariana Marins foi às redes sociais afirmar que isso era falso. "Governo da Indonésia está espalhando mentiras e a embaixada do Brasil não está checando nenhum dos fatos antes de passar pra gente. Passaram que ela tinha sido resgatada no primeiro dia, resgate tinha chegado, ela tinha recebido água, comida, agasalho. Tudo foi mentira. O resgate não aconteceu. 17h30 do horário local eles pararam as buscas, ninguém chegou até Juliana. Ninguém sabe onde Juliana está, ela está desaparecida", disse.

Posteriormente, o embaixador George Monteiro Prata, admitiu que informações incorretas foram repassada e pediu desculpas. "Infelizmente, nem sempre recebemos, no início, as informações corretas. Foi o que me fez dizer que a equipe de salvamento já tinha chegado a ela, o que depois soubemos que não era verdade. Peço desculpas, mas passei a informação de boa-fé", disse ele, em ligação feita para Mariana Marins, irmã de Juliana, e divulgada pelo programa Fantástico no domingo (22). O governo da Indonésia não se pronunciou oficialmente. 

Domingo, 22 de junho – buscas não avançam

A embaixada brasileira afirmou que novas buscas foram iniciadas. A irmã de Juliana, no entanto, negou que isso tenha ocorrido, alegando que as condições no local eram “muito inóspitas” e que o tempo havia piorado. No final da manhã, a amília foi informada de que as buscas haviam sido oficialmente suspensas por causa da neblina intensa na região.

Segunda-feira, 23 de junho – madrugada: Juliana é localizada por drone

As operações foram retomadas com uso de drone térmico. Juliana foi localizada a cerca de 500 metros de profundidade, "visualmente imóvel", em um penhasco de difícil acesso. Não havia confirmação se a jovem estava viva ou morta. “Duas equipes de resgate foram mobilizadas para chegar ao local da vítima e verificar o segundo ponto de ancoragem a uma profundidade de mais ou menos 350 metros. No entanto, após observação, duas grandes saliências foram encontradas antes de alcançar a vítima, impossibilitando a instalação da ancoragem”, informou a nota do parque, explicando que não era possível prosseguir com a tentativa de resgate. 

Segunda-feira, 23 de junho – 5h: equipe recua novamente

Após descer 250 metros, os socorristas ainda estavam a 350 metros de distância dela quando a operação foi interrompida novamente por causa do clima.

“Um dia inteiro e eles avançaram apenas 250m abaixo, faltavam 350m para chegar na Juliana e eles recuaram mais uma vez! Mais um dia!”, escreveu a família em rede social. "Aparentemente é padrão nessa época do ano que o clima se comporte dessa forma, eles têm ciência disso e não agilizam o processo de resgate! Lento, sem planejamento, competência e estrutura!”.

Segunda-feira, 23 de junho: reforço com alpinistas experientes

Dois montanhistas experientes foram enviados para reforçar a equipe. A administração do parque confirmou que Juliana permanecia “visualmente imóvel” em local com dificuldade de acesso.

Terça-feira, 24 de junho – equipes montam acampamento

Uma equipe de sete socorristas chegou próxima ao ponto onde Juliana está, mas precisou recuar para um acampamento móvel. Em uma publicação nas redes sociais, a administração do parque afirmou que "continuam os esforços" com técnicas de resgate vertical, para evitar que os socorristas tenham de voltar ao início da trilha, evitando com que depois tenham que recomeçar do zero. As condições climáticas, com forte neblina, impediam o uso de helicópteros para o socorro.

Terça-feira, 24 de junho, 10h45 (do Brasil) – Juliana é encontrada sem vida

Após quatro dias de buscas, o corpo de Juliana foi encontrado pela equipe de resgate. O Itamaraty confirmou a morte “com profundo pesar”. A família da jovem agradeceu as orações e apoio recebidos. "Hoje a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido", diz o texto.