Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

"Alegre, generoso e construtivo": artistas destacam a importância de César Romero para a arte baiana

Ex-colunista do CORREIO morreu na noite da última terça-feira (7), aos 75 anos

  • Foto do(a) author(a) Gilberto Barbosa
  • Gilberto Barbosa

Publicado em 8 de outubro de 2025 às 22:04

César Romero morreu na noite da última terça-feira (7), aos 75 anos Crédito: Marina Silva/Arquivo CORREIO

Alegre, generoso e construtivo são alguns dos adjetivos que os amigos de César Romero usaram para descrever o artista plástico. Durante seis décadas, o feirense marcou o mundo das artes com sua técnica e a maneira que combinava as cores nos seus quadros, conciliando linguagens, estilos e fronteiras. Tinha a Bahia como principal fonte de inspiração. 

O ex-colunista do CORREIO morreu aos 75 anos, após se engasgar enquanto comia em casa, na noite da última terça-feira (7), em Salvador. Durante a vida, conciliou sua rotina entre pintura e escrita com suas atividades enquanto psiquiatra. O artista Murilo Ribeiro destaca a disciplina de César para se manter ativo em todos os seus trabalhos.

“Foi um cara muito positivo. Sempre foi generoso com os colegas, tinha muita sensibilidade e sabia divulgar o trabalho dele e de outras pessoas. Também foi importante no resgate de obras como a de Genaro de Carvalho, que estava esquecida. Vai fazer muita falta”, diz.

César Romero foi um grande divulgador das artes plásticas na Bahia por Marina Silva/Arquivo CORREIO

Entre os momentos lembrados por Murilo estão os encontros na casa da crítica de arte Matilde Matos, onde César imitava artistas como Maria Bethânia. Ele também se recorda de um vôo para o Ceará, no qual a dupla lidou com diversos perrengues durante o trajeto.

“O avião tinha saído do Rio Grande do Sul de manhã e havia dado pane durante o dia. Subimos na aeronave às 22h e pegamos um temporal horroroso até Aracaju. Nisso, ele começou a brincar que o avião iria cair e disse que só faltava aparecer um padre para decretar a queda. Foi quando um homem ao lado respondeu que era padre e ele retrucou com um sonoro ‘aí f**’. Era uma figura”, lembra.

O artista Justino Marinho destacou a trajetória de Romero nas artes plásticas. “César foi um artista importante, não só por ter divulgado a arte brasileira, mas a arte baiana. Ele foi um ótimo artista. Da nossa geração, dos anos 70, é um dos melhores artistas que apareceram. Uma pessoa muito cuidadosa como amigo", pondera.

Juntos, eles dividiram a coluna de artes plásticas do CORREIO por mais de 30 anos e entrevistaram grandes artistas como Mário Cravo, Carybé, Floriano Teixeira e Emanuel Araujo. "Demos muita força aos artistas baianos. Grande parte dos jovens artistas passaram pelas nossas mãos. Sempre tínhamos um olho afiado para eles. Também demos muito apoio a galerias baianas entrevistando novas marchands", relembra.

O galerista Paulo Darzé conheceu Romero em 1983, por intermédio da então diretora do CORREIO Ana Lúcia Magalhães. Ele conta que, enquanto crítico, César sempre incentivou os artistas locais, além de eventos e exposições realizados na capital baiana.

“Ele também construiu sua marca própria, com suas faixas com os símbolos do candomblé e possuiu um banco de críticas com uma solidez e consistência que poucos tiveram. Era muito engraçado, muito irônico e adorava artistas como Volpi e Valentin. Foi um vencedor, uma pessoa muito especial e sua perda é irreparável”, afirma.

César Romero pintando por Divulgação

Trajetória

Nascido em Feira de Santana em 1950, César Romero de Oliveira Cordeiro iniciou sua carreira de pintor em 1967 e participou de diversos salões e mostras no Brasil e no exterior. Entre as principais exposições internacionais, destacam-se a Primitive Paintings from Bahia, em Washington (1973), e as coletivas em Hannover, Colônia e Berlim, na Alemanha, e em Barcelona, Madri, Bilbao e Lisboa, no início dos anos 1980.

Membro da Association International des Arts Plastiques (AIAP) e da International Association of Art, da Unesco, recebeu em 1979 o título de Personalidade do Ano, Homem Destaque do Nordeste. Em 2001, inaugurou uma grande exposição individual no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), ocasião em que lançou um CD-ROM, dois vídeos e um livro assinado pelo crítico Jacob Klintowitz.

A crítica de arte Matilde Matos, que acompanhou sua trajetória, escreveu que “a arte de César Romero se baseia num constante processo de síntese em torno dos seus símbolos”, e que seu trabalho “leva o espectador a decifrar seus motivos, pois afirma seus temas de modo tão exato, que o seu intento prevalece claro”.

O seu corpo será velado na manhã desta quinta-feira (9). Ainda não há, no entanto, o local e o horário definidos. A informação foi confirmada pelo secretário do artista.