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Carol Neves
Publicado em 12 de setembro de 2025 às 08:11
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Minas Gerais abriu processo administrativo e indiciou a delegada Ana Paula Balbino, esposa de Renê da Silva Nogueira Júnior, que matou o gari Laudemir de Souza Fernandes após uma discussão de trânsito. O Ministério Público mineiro também denunciou o empresário e solicitou multa de R$ 150 mil, além do bloqueio de R$ 3 milhões em bens do casal para indenizar a família da vítima. >
Ana Paula vai responder por prevaricação, crime que ocorre quando um servidor público retarda, omite ou pratica indevidamente um ato por interesse pessoal. A investigação aponta que a pistola usada no homicídio era de uso particular da delegada. Ela já havia sido indiciada por porte ilegal de arma de fogo, sob a acusação de “emprestar” o armamento ao marido. A pena pode variar entre dois e quatro anos de prisão, com aumento de até 50% por ser funcionária pública.>
No dia da prisão de Renê, em 11 de agosto, Ana Paula negou que o marido tivesse acesso às armas que guardava em casa, o que a Polícia Civil classificou como omissão. Em depoimento, Renê admitiu o assassinato, mas sustentou que a esposa não sabia que ele havia pegado a arma. O delegado Evandro Radaelli, responsável pelo inquérito, declarou que o empresário tentou manter a rotina após o crime para não levantar suspeitas.>
Empresário mata gari em briga de trânsito
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Segundo testemunhas, a briga teve início porque Renê se irritou com o espaço ocupado por um caminhão de coleta de lixo. Ele teria ameaçado “atirar na cara” da motorista, provocando a reação de Laudemir e outros garis. Na sequência, disparou contra o trabalhador, atingindo-o no tórax. O gari foi levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu. O suspeito fugiu e foi localizado horas depois em uma academia de alto padrão no bairro Estoril, região nobre de Belo Horizonte.>
Ana Paula, que está afastada do cargo por motivos de saúde desde 13 de agosto, dois dias após a prisão do marido, ainda não se pronunciou. Seu advogado, Leonardo Avelar Guimarães, afirmou em nota que “devido ao estado de saúde da Dra. Ana Paula Balbino, não foi possível o exercício efetivo do seu direito de defesa no referido inquérito”. Após a repercussão, a delegada apagou os perfis que mantinha nas redes sociais.>
Renê será processado por homicídio qualificado, com dois agravantes: motivo fútil e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.>