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Carol Neves
Publicado em 29 de outubro de 2025 às 10:09
Moradores do Complexo da Penha protestaram na manhã desta quarta-feira (29) após a operação mais letal do estado do Rio de Janeiro. Pelo menos 128 pessoas morreram - a contagem oficial das autoridades é de 64 mortos, mas os moradores levaram mais 64 corpos desde a madrugada de hoje para a Praça São Lucas. >
Em vídeo divulgado pelo ativista Renê Silva, a fileira de corpos no chão é exibida, alguns cobertos por panos e outros sem qualquer proteção. "Esses são os corpos que não foram levados para o hospital", relata.>
Uma moradora, que diz ser mãe de um dos mortos, fala com a imprensa presente no local, critica a ação policial, chamada de "chacina", e afirma que os mortos vão chegar a 200. "Tudo ordem do Estado, do governo (...) Isso é certo? Mandar matar? Duzentas pessoas foram assassinados pelos bandidos. Polícia é bandido protegido pela lei", afirma. >
Corpos foram deixados em praça no Rio
Depois, ela fala do filho. "Meu filho se entregou. 'Eu estou me entregando para ser algemado'. E mataram. Um assassinato, uma chacina dessa. Por que direitos humanos apareceram hoje? Por que ontem ninguém apareceu? Reportagem, ninguém subiu. A imprensa agora está aqui. Foi chacina, só tiro no rosto e na cabeça. O que é certo pro Estado, é isso aí? Governador era para estar aqui, ele não mandou fazer a merda?", questiona, aos gritos.>
Os mortos encontrados hoje não estão na conta oficial de 64 mortos durante a operação desta terça-feira (28). A Secretaria da Segurança do Rio informou que uma perícia vai determinar se as mortes têm relação com a megaoperação. Os corpos estariam até então na mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, área que concentrou os intensos tiroteios entre policiais e traficantes. Moradores afirmam que ainda restam mortos no alto do morro e o número pode subir.>
Operação mais letal do Rio>
Na terça-feira (28), o governo do Rio anunciou que 60 suspeitos foram mortos e quatro policiais perderam a vida durante a megaoperação que envolveu também o Complexo do Alemão. Esta é a operação mais letal da história do estado, de acordo com as autoridades. >
A nova ofensiva integra a Operação Contenção, ação permanente do governo do Rio para conter o avanço do Comando Vermelho em territórios do estado. Ao menos 2.500 agentes de diferentes forças de segurança foram mobilizados para cumprir cerca de 100 mandados de prisão.>
Assim que as equipes chegaram às comunidades, ainda de madrugada, traficantes reagiram com tiros e incendiando barricadas, segundo as autoridades. Imagens registraram quase 200 disparos em apenas um minuto, entre fumaça e confrontos intensos. A Polícia Civil informou que, como resposta, criminosos também lançaram explosivos por drones, enquanto outros fugiram em fila indiana pela parte alta do morro, cena que remeteu à fuga em massa durante a ocupação do Alemão em 2010.>