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Fernanda Varela
Publicado em 15 de novembro de 2025 às 12:23
Vista como símbolo de saúde, a água de coco pode ser perigosa e até fatal para quem tem insuficiência renal ou passou por um transplante de rim. O alerta é de especialistas da Sociedade Brasileira de Nefrologia e de publicações médicas do Brazilian Journal of Nephrology, que explicam que o excesso de potássio presente na bebida pode desencadear uma condição grave chamada hipercalemia, capaz de causar arritmia e parada cardíaca.>
Água de coco
A Sociedade Brasileira de Nefrologia explica que a eliminação do potássio ocorre principalmente pelos rins. Quando o órgão não funciona adequadamente, o mineral se acumula no sangue e interfere no funcionamento do coração. No artigo “Potássio e Bicarbonato”, publicado pela própria instituição no Brazilian Journal of Nephrology, é destacado que todo paciente com Doença Renal Crônica deve ser avaliado para prevenção da hipercalemia e da hipocalemia, justamente por conta do risco cardíaco associado ao excesso do mineral.>
O mesmo artigo, ao citar a hipercalemia, explica que o aumento do potássio no sangue pode alterar o funcionamento elétrico do coração, tornando os batimentos mais lentos e irregulares. Nos exames de eletrocardiograma, isso aparece como alterações nos traçados elétricos, e quando o nível do mineral sobe demais, essas mudanças podem evoluir para uma parada cardíaca. Isso significa que, para pacientes renais ou transplantados, o consumo de bebidas naturalmente ricas em potássio, como a água de coco, pode, de fato, representar risco de morte.>
O risco é ainda maior para pessoas transplantadas, que fazem uso de medicamentos imunossupressores como tacrolimo e ciclosporina. De acordo com o portal da Sociedade Brasileira de Nefrologia, esses medicamentos podem reduzir a capacidade de excreção de potássio pelo novo rim, aumentando a chance de hipercalemia mesmo com ingestão aparentemente pequena do mineral. >
Por isso, médicos e nutricionistas especializados em nefrologia recomendam que pessoas com doença renal ou transplantadas evitem a água de coco, a menos que haja liberação expressa do profissional responsável pelo acompanhamento. O consumo de frutas, sucos e chás também deve ser orientado individualmente, com base em exames recentes e na função renal de cada paciente.>
Entre os sintomas de alerta para o excesso de potássio estão fraqueza muscular, formigamentos, náusea, batimentos cardíacos irregulares e desmaios. Em situações de emergência, o atendimento médico deve ser imediato.>
A recomendação para hidratação nesses casos inclui água filtrada, chás claros sem adição de potássio e sucos de frutas com baixo teor do mineral, sempre sob orientação médica. O acompanhamento laboratorial frequente é essencial para garantir a segurança de quem vive com doença renal ou passou por transplante.>